Last Updated on: 30th abril 2021, 05:52 pm

Essa matéria faz parte de uma seção especial do Histórias de Casa chamada ArqTETO. Nela mostramos casas e apartamentos que são considerados ícones da arquitetura brasileira, como um prédio modernista famoso, uma residência com assinatura ou um edifício que marcou época. Além de revelar como cada morador se relaciona com esses espaços, também valorizamos nosso legado arquitetônico. Acompanhe…

Para os amantes da arquitetura, o número 144 da praça Vilaboim, em Higienópolis, não é apenas mais um endereço em São Paulo. É ali que fica o Edifício Louveira, o cobiçado prédio projetado por Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi em 1946. A inconfundível fachada com esquadrias amarelas é um dos elementos que caracterizam esse ícone modernista, também marcado pelo forte diálogo com o entorno urbano – sem grades de proteção, o edifício possui um grande jardim que pode ser apreciado pelos pedestres, quase como uma continuação da praça do outro lado da rua.

Não é difícil entender, então, por que o Ed. Louveira despertou o interesse de Aluizio, arquiteto e consultor de estilo e imagem. Desde a primeira vez que ele entrou em um dos apartamentos, teve certeza: “Vou morar aqui”. Porém a tarefa não seria tão simples assim. O imóvel que estava disponível na época em que ele pretendia comprar tinha um custo muito acima do mercado, por isso Aluizio tentou desistir e procurar outras opções, mas nada o agradava tanto quanto os cômodos amplos e iluminados do famoso prédio.

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Um ano depois, enquanto visitava outro apê nas proximidades, ele conseguiu espiar pela janela e descobriu que havia uma unidade vazia no Ed. Louveira. Dessa vez o valor estava mais viável, então foi uma questão de estar no lugar certo, na hora certa. Aluizio, conhecido pelos amigos como Luba, finalmente arrematou o imóvel dos sonhos.

Para o morador, Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi foram visionários em todos os detalhes. As janelas, além de generosas, são pintadas de amarelo para reforçar a luz que vem de fora; as árvores plantadas entre os dois blocos passam a impressão de que estamos no nível da rua mesmo no quinto ou sexto andar; os apartamentos praticamente não possuem vigas, apenas colunas que facilitam a remoção de paredes…

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Aliás, essa última vantagem foi explorada ao máximo por Aluizio, que integrou a maioria dos ambientes. “Eu eliminei uma parede e vi a amplitude que essa intervenção gerou, daí me deu vontade de quebrar tudo e redesenhar os espaços. No fim acabei fazendo uma espécie de loft”, conta o proprietário. Mesmo feliz com o resultado, ele achou melhor bolar soluções reversíveis a longo prazo, então as tomadas foram instaladas no piso para que as divisórias possam ser reerguidas se necessário. Dos 147 m², quase tudo pertence ao living aberto, com cozinha, sala de jantar e home office.

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Os amigos de Luba o definem como um kitsch sofisticado. Sem abrir mão da praticidade, ele faz questão de que sua casa tenha personalidade, por isso os móveis e objetos decorativos são tão importantes. E olha que o morador parece ter um talento nato para as composições ousadas. Afinal, não é qualquer um que consegue misturar obras de arte controversas (como o imenso frango assado assinado por Alex Vallauri) com peças da rua 25 de Março ou compradas em feirinhas de antiguidades.

Quer espiar um pouco mais? Na quarta-feira vamos publicar o segundo capítulo desse apê e falar + sobre o estilo do Aluizio. Não perca…

Fotos por Rafaela Paoli

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