Last Updated on: 29th abril 2021, 04:20 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio.

A arquiteta urbanista Yara já trocou de endereço quase uma dúzia de vezes ao longo de seus 33 anos, porém o que seria desgastante para uns, para ela se transformou em um processo divertido. Entre tantas mudanças acabou dominando a arte do desapego e percebendo que o conceito de casa independe das paredes ou do telhado, afinal um lar é feito de pessoas e da história de vida de cada uma delas.

Yara investe em imóveis com potencial e os repagina com projetos personalizados para depois revendê-los, enfrentando um ciclo constante de reformas. O engraçado é que toda essa familiaridade com o quebra-quebra veio lá da infância. Desde crianças ela e seu irmão acompanhavam o pai, que era engenheiro de solo, em obras grandiosas, fazendo dos imensos escoadores de areia seus escorregadores improvisados. Ironicamente, nenhuma parede foi derrubada no apartamento alugado onde a arquiteta vive hoje.

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Dois anos atrás, enquanto procurava um imóvel disponível, ela recebeu uma bela indicação de um amigo que morava em Campos Elíseos, pertinho do centro de São Paulo. Yara visitou o prédio e se encantou pelo primeiro andar, que até então estava livre, só que em poucos dias acabou perdendo o lugar para um novo inquilino. Ela estava quase desanimando quando o proprietário avisou que o térreo também estava vago e ainda tinha um jardim privativo – ou seja, no fim a sorte estava ao seu lado. Com 90 m² de área construída e 25 m² de jardim, o apê tem tudo o que Yara precisa: espaço, calmaria, verde e ambientes bem distribuídos.

Dessa vez a reforma foi objetiva, sem alterações na alvenaria. Praticamente todos os revestimentos foram trocados, além dos metais, da bancada da cozinha, das luminárias e das cores das paredes. Mesmo com cômodos grandes, nem tudo o que havia no antigo endereço, de 240 m², pôde ser trazido no caminhão de mudanças, mas a moradora garante que não foi difícil escolher o que levar e o que deixar para trás. Yara inclusive já ocupou um apartamento de 42 m², então está acostumada com esse tipo de adaptação. “Tenho algumas peças sem as quais eu não vivo. As outras são negociáveis”, explica.

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Entre os itens indispensáveis estão um armário antigo, a poltrona Eames, clássico do design, e uma tela de grandes proporções. O primeiro móvel foi resgatado de um apê na praia onde a família de Yara passava os finais de semana. Apesar de estar cheio de cupins, ela não desistiu – tratou a madeira, manteve suas marcas e o transformou em um bar próximo à mesa de jantar. A poltrona de couro sempre foi um sonho de consumo e, além disso, é o canto mais confortável da casa para ler, ouvir música e assistir filmes. Já a obra de arte assinada por André Poli foi presente de um primo querido que estava indo para um imóvel onde a maioria das superfícies eram curvas. Como não poderia dar ao quadro o devido destaque, ele o entregou à arquiteta. Na verdade ela tem um carinho especial por todas as gravuras e fotografias que expõe pelas paredes, principalmente no corredor.

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A moradora não se importa tanto com as origens de cada coisa, o que vale é o sentimento que elas despertam. A estante que abriga a televisão e que foi salva pouco antes de ir parar em uma caçamba de entulho, por exemplo, é motivo de orgulho – assim como as malas de viagem vintage, umas compradas, outras herdadas, ou o porta-retratos com uma fotografia do batizado de seu irmão de 30 anos atrás.

Cercada de afeto por todos os lados, Yara sabe que enquanto estiver acompanhada das peças certas, ela irá se sentir em casa em qualquer canto do mundo: “O caminho que percorri até aqui faz deste lugar o meu lar”. Descubra mais detalhes sobre esse apartamento no próximo capítulo.

Fotos por Rafaela Paoli

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