Last Updated on: 27th abril 2021, 06:36 pm

Ana Elisa e Gustavo dividem um apartamento amplo no Edifício Louvre, prédio erguido nos anos 50 que se transformou em um clássico da arquitetura de São Paulo. Ambos trabalham em áreas criativas e isso pode ser sentido na decoração – os ambientes integrados foram ocupados por objetos antigos e outras excentricidades expostas em arranjos que traduzem o conceito de aconchego do casal. Cada canto do apê tem algo para contar, então se você perdeu o Capítulo 1 leia-o AQUI e confira o começo dessa história.

… Sem cerimônia, Ana e Gus assumem ter corações colecionistas. Atraídos pelas peças mais peculiares ou com histórias interessantes, eles costumam se apegar facilmente a esses tesouros e não resistem a levá-los para casa. O único problema é que assim os espaços ficam pequenos para tanto garimpo, então o apartamento estava virando uma espécie de museu particular repleto de discos de vinil, caixas, tecidos, inúmeras roupas vintage, colares étnicos…

Até mesmo os amigos passaram a encarar o lugar como um acervo da turma: “Chegou uma hora em que as pessoas começaram a barganhar com a gente nossas próprias coisas. Fora que elas sempre pedem algo emprestado, mas não dá para esconder que isso é um prazer para nós. Afinal, queremos ver nossas paixões em mãos de gente querida”, conta Ana. De repente o que para eles era apenas uma mania se transformou em profissão paralela com a criação da loja online Acervo Gentil. Ela está no comecinho, porém o casal já se empolga com o fato de agora ter mais uma desculpa para ir atrás de relíquias esquecidas.

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No dia a dia os cômodos integrados estimulam a convivência de Ana e Gus e também entre eles e a cidade – como se ela fosse o terceiro elemento da relação. Enquanto um trabalha no home office, o outro prepara alguma receita ou lê o jornal acompanhando o movimento dos carros lá embaixo. Pertinho da mesa de jantar, o canto onde ficam as plantas virou um dos pontos preferidos do casal, um verdadeiro jardim interno com suculentas, vasos de médio porte e até um fícus lyrata que ultrapassa metade do pé-direito. Ali eles se sentam para um drink no final do dia, para apreciar a paisagem urbana ou para fazer companhia à Lupe, a vira-lata de estimação que gosta de aproveitar o sol matinal vindo das enormes janelas.

Aliás, não dá para falar do apê sem apresentar formalmente a Guadalupe – é daí que vem o apelido. Encontrada em uma feira de adoção em 2010, ela logo se tornou uma companheira inseparável. Com seus olhos pidonhos e temperamento tranquilo, Lupe os conquistou de cara. Sua presença sem dúvida contribui para a sensação de aconchego que esse lar transmite, afinal ela é mais um motivo para que eles voltem para casa e queiram ficar aninhados de vez em quando.

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Ana adora relaxar (ou trabalhar) no sofá sob a luz amarelada do fio iluminado ou também se esparramar na cama larga e macia – carinhosamente apelidada pelos amigos de Pavlova, que é um tipo de merengue bem fofo; porém a parte mais divertida de ter um imóvel amplo é justamente poder variar os cenários. Não é raro que eles mudem uma cadeira de lugar para enxergar a vista de outro ângulo, contemplar a lua ou simplesmente conversar. Dessa forma os dois conseguem ser surpreendidos constantemente pelos próprios cômodos. Gustavo até brinca com o paralelo que redescobrir a casa aos poucos é como viver no centro e redescobrir a cidade em caminhadas e passeios que os levam por ruas quase esquecidas.

A apenas um lance de escada de distância, Ana e Gus podem desfrutar de outro privilégio dos moradores do Edifício Louvre: a cobertura com piscina, paredes pintadas de rosa e uma marquise de pastilhas azuis. Isso tudo com o skyline de São Paulo à volta. Recorrentes nos projetos do arquiteto Artacho Jurado, que assina o desenho do prédio, esses espaços comunitários lembram muito os clubes do interior, onde Ana cresceu. Para ela é divertido pensar que isso faz parte de uma época em que os vizinhos se relacionavam mais, trocavam receitas e se conheciam melhor.

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Personalidade definitivamente não falta a esse apartamento onde as histórias dos objetos se misturam às histórias de vida do casal. São as coisas espalhadas que deixam a decoração orgânica e que os fazem sentirem-se em casa. Poder revisitar suas memórias ou trazer algo novo para completar os ambientes é como dar uma refrescada na rotina. Não é à toa que Ana e Gus encaram o apê como fonte de inspiração: “Aqui é onde queremos ficar, um lugar que procuramos melhorar sempre, onde investimos nosso dinheiro e nossas ideias para que ele nos mantenha felizes e motivados. Ele muda junto com a gente.”.

Fotos por Rafaela Paoli