Last Updated on: 27th abril 2021, 06:21 pm

Angelo é o fotógrafo e cozinheiro por trás do blog de culinária Cozinha Dal Bó. Nascido no Rio Grande do Sul, em poucos anos ele transformou a cidade de São Paulo em sua segunda (ou seria primeira?) casa. Atualmente ele vive sozinho em um apê em Pinheiros, porém suas paredes exibem lembranças trazidas de outras épocas e endereços, como uma espécie de museu dele mesmo. Acompanhe essa história desde o começo pelo Capítulo 1.

… Para o morador, a sensação de aconchego de um lar está diretamente ligada às memórias e ao significado das coisas – cercado de móveis e objetos colecionados ao longo da vida, ele reconhece que em uma casa de verdade tudo deve fazer sentido para seus donos. Após um bom tempo dividindo apartamento com outras pessoas, Angelo também valoriza a liberdade de ter um espaço só seu, onde não é preciso se preocupar com regras ou políticas de boa vizinhança: “Confesso que sou meio bagunceiro, mas acho que isso faz parte do meu jeito de criar e viver, então aqui posso fazer minha baguncinha diária sabendo que só vou atrapalhar eu mesmo. Além disso, outra vantagem é desfrutar do próprio silêncio, que é tão necessário de vez em quando.”, comenta ele.

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Morar sozinho influenciou até mesmo a decoração do quarto de Angelo. Como o antigo apê era compartilhado, todas as suas coisas acabavam reunidas dentro do dormitório – ou seja, o cômodo inevitavelmente ficou abarrotado de itens, fotos, livros… Assim que se mudou o fotógrafo procurou criar uma atmosfera completamente oposta no novo imóvel usando uma estética minimalista e tirando proveito da luz natural. A ideia deu certo e ele conquistou um ambiente relaxante mesmo usando poucos elementos e cores: paredes brancas, madeira pinus,  quadros, uma planta no lugar do criado-mudo e a sapateira inventada por ele. A cabeceira, que é uma de suas peças preferidas, também foi improvisada com 5 tábuas que sobraram de uma estante fora de uso.

Entre a sala e os quartos um pequeno corredor serve de passagem e também para expor uma sequência de cliques feitos pelo morador em uma de suas outras casas. Aliás, por mais inusitado que possa parecer, uma das lembranças mais bacanas que Angelo tem do apartamento em que morou na infância tem a ver com corredores: “Todo sábado de manhã meu pai colocava a Primavera das Quatro Estações de Vivaldi para tocar muito alto. Com o som ligado, eu, meu irmão, minha irmã e meus pais, de pijama e roupão, corríamos pelo corredor comprido que tínhamos indo e vindo várias vezes. Ainda hoje essa música me leva diretamente para aquelas manhãs de sábado”.

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O escritório, que foi equipado com um colchão de casal para receber amigos ou parentes de Farroupilha que visitam o morador com frequência, também tem móveis idealizados por ele com materiais de baixo custo: a prateleira com muitos livros e uma coleção de toy art, a bancada de trabalho apoiada em mãos-francesas, os pôsteres fixados na parede sem moldura e a própria base da cama, feita de paletes. Usado diariamente, o espaço reúne alguns dos objetos mais importantes da carreira e da história de Angelo, como a câmera fotográfica e seus diversos cadernos de anotações, diários e bloquinhos com desenhos – aliás, eles são encarados como pequenos trechos de sua vida que às vezes nem ele se lembra, mas que podem (e devem) ser revisitados de vez em quando.

Angelo acredita que o conceito de lar passa longe de um mero endereço. Tem a ver com chegar em casa e sentir prazer de estar lá, com espalhar quadros e fotos pelas paredes, com o cultivo das plantas, com as receitas que saem quentinhas do forno perfumando todos os cômodos, com os objetos curiosos que só seus donos entendem… Cada pequeno tesouro nas prateleiras ou armários se torna grande sob seu olhar. É ou não é um jeito inspirador de morar?

Fotos por Rafaela Paoli