Last Updated on: 16th maio 2021, 09:34 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio. 

Uma das coisas mais especiais desse apartamento antigo no centro de São Paulo é a luz. A forma como ela atravessa as janelas de madeira, rebate nas paredes branquinhas e invade cada pedacinho da casa ainda encanta os moradores todos os dias, mesmo após 14 anos no apê. Na época em que visitaram o lugar pela primeira vez, o artista plástico venezuelano Ricardo e o hidrogeólogo Gerd ainda moravam em Londres e nem pensavam em se mudar para o Brasil, porém a identificação foi tanta que o casal logo se imaginou vivendo ali. 

“Cheguei a este apartamento por acidente, mas tive uma estranha sensação quando saí para a sacada. Alguma coisa me dizia que tinha algo a ver com esse lugar…”, Ricardo lembra. Em plena Av. São Luís, próximo à Praça da República, o edifício dos anos 40 foi palco de inúmeras histórias – e talvez tenha sido isso o que atraiu o casal. “O Caetano Veloso morou neste prédio em 1968, época do Tropicalismo. Existem imagens fotográficas lindas de Caetano e Dedé em um apartamento completamente vazio, no espaço puro, tudo branco, com as portas originais… muitas dessas esquadrias já não existem, mas em nossa casa todas as portas foram mantidas”, ele completa.

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Ricardo e Gerd tiveram a sorte de encontrar um apê que havia sofrido poucas alterações ao longo dos anos. Os ambientes que estavam mais descaracterizados eram o banheiro e a cozinha – reformados pelos antigos proprietários nos anos 80 – porém com algumas mudanças o casal conseguiu reverter os estragos. Os demais cômodos mantiveram sua distribuição original, com grandes vãos que ajudam a dar uma sensação de continuidade. Como complemento, a paleta sucinta de cores e materiais também serve para conectar o apartamento visualmente. “Sempre gostamos de paredes brancas. O espaço deve-se manter simples e calmo nesse sentido. E à noite deixamos a iluminação indireta fazer o resto”, o morador diz.

O casal tem uma quedinha por móveis vintage e peças de design, por isso a decoração é uma mistura bem dosada de itens consagrados com achados de segunda mão. Ricardo diz que tudo o que compõe a casa é especial de alguma forma, mas entre as relíquias mais interessantes estão as poltronas de Percival Lafer na sala; a poltrona Bird, de Harry Bertoia, no estúdio; e as cadeiras da sala de jantar criadas pelo amigo e designer Pedro Useche.

“A rede é uma das nossas coisas preferidas. Foi feita na Venezuela com fios de Moriche, um tipo de planta, e é um trabalho manual muito elaborado e procurado que fazem os indígenas na Amazônia Venezuelana. Também adoramos o vaso Spindel na sala. Desde criança sempre fui apaixonado por essa peça, lembro muito dela na minha infância”, Ricardo conta.

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Só o essencial | Capítulo 1

Ao mesmo tempo em que flerta com o branco e com os espaços vazios, Ricardo também gosta de trazer achadinhos de suas viagens pelo mundo. Espanha, França, Finlândia, Suíça, Argentina, Chile, México… cada um desses destinos, e tantos outros, rendeu lembranças em forma de peças decorativas ou utilitários. O tapete da sala, por exemplo, foi desenhado pelo morador e confeccionado junto a artesãos de Lima, no Peru.

Ricardo diz que gosta quase sempre das mesmas coisas ou de coisas parecidas entre si, então consciente ou inconscientemente ele acabou criando um estilo próprio bem definido. Assim, a decoração do apartamento traz escolhas instintivas e aleatórias que no fim parecem ter um resultado que faz todo o sentido. São detalhes grandes e pequenos, como o uso das cores, a paixão pelo geométrico, a inspiração no modernismo… tudo composto de maneira única. * Curtiu o apê e quer conferir mais fotos? Então clique abaixo para ler o Capítulo 2! 

Fotos por Isadora Fabian, do Registro de Dia a Dia

CONTINUA