Last Updated on: 30th abril 2021, 05:35 pm
Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio.
A casa do Paulo não é como outra qualquer. Sua arquitetura é inovadora e traz um misto de épocas, porém o que a faz ser tão especial é sua vocação para a coletividade. Desde que o imóvel no Sumaré foi adquirido pela família em 1983, essas paredes já testemunharam muitos encontros e abrigaram gente do mundo todo. É que o endereço sempre atraiu pessoas criativas, como atores, músicos ou fotógrafos, além de turistas que se hospedam em quartos amplos com jeito de loft desde o ano passado. Agora ao invés de “só” casa, o espaço funciona como uma pousada alternativa, mas antes de falar mais sobre como ele está hoje, vamos voltar ao começo de tudo?
Erguida nos anos 30, a construção foi encomendada por um maestro da cidade. Aliás, a planta original da prefeitura ainda se refere aos cômodos dos fundos como “sala de instrumentos” ou “sala de coro”. Era ali que o primeiro morador se reunia com parte da orquestra para os ensaios, o que prova que a alma do lugar sempre esteve ligada à arte. Em quase oito décadas de história a estrutura passou por diversas modificações, porém a fachada e o corpo principal tiveram muitos dos detalhes preservados ou restaurados, como as janelas do jardim de inverno ou as colunas do pequeno pátio.
Arquiteto e entusiasta da arte popular brasileira, o pai de Paulo enxergou o potencial daquela simpática casinha em frente a uma praça e percebeu que ali teria um bom recomeço ao lado de seus dois filhos. O que ainda não sabia é que morar em um imóvel tão inovador e estar em contato com esse universo despertaria em Paulo o interesse pela mesma profissão, então essa acabou sendo uma das principais heranças que ele deixou. Quando estava com 30 anos e já formado, o filho se mudou para trilhar os próprios caminhos e decidiu alugar a casa da frente. Mais de dez anos se passaram até que ele voltasse.
Em 2012 Paulo comprou a parte do irmão e começou uma grande obra pensando em vender a propriedade no futuro. Na verdade antes disso apareceram diversos compradores, mas a maioria tinha planos de reformar a construção de forma tão agressiva que ele achou melhor assumir o projeto para poder transformar os ambientes e criar uma versão com sua própria assinatura – assim o passado seria devidamente preservado. Se era para alguém mexer, que fosse ele. Além disso, quando se é o arquiteto e o próprio cliente ao mesmo tempo, a liberdade de escolha é total: “Não preciso explicar para mim mesmo os motivos porque quis fazer assim ou assado”.
A cozinha foi ampliada e virou o epicentro de tudo – é ali que os hóspedes se reúnem para o café da manhã ou para socializar. Os dormitórios existentes também foram modificados e agora formam três suítes devidamente isoladas para garantir privacidade a quem precisa. Divididos em pavimentos diferentes, os cômodos se relacionam através de aberturas estratégicas ou de pequenas áreas verdes, como o jardim do segundo andar ou a cobertura verde próxima ao telhado original. Pérgolas de madeira e vigas metálicas dialogam com os traços um tanto românticos da década de 30, chegando a um resultado que surpreende pela harmonia entre elementos.
Seja pelos turistas que descobrem o endereço através do site Airbnb ou mesmo pelos eventos que acontecem ali de vez em quando, o imóvel é um vaivém de pessoas e experiências. O Paulo ama essa interação e diz que para alguém com a sua profissão é um retorno muito grande ver os espaços sendo curtidos e descobertos aos poucos. “Quando projeto e construo assim, sem cliente, a arquitetura é quem manda e vai se definindo. É como se eu a interpretasse e viabilizasse toda essa expressão que ela quer passar”. Sim, a casa fala e o Paulo entende.
É impossível contar essa história sem falar dos móveis lindos da família e de outros pontos do projeto, então volta aqui quarta-feira para conferir o segundo capítulo e espiar mais.
Fotos por Rafaela Paoli
Curto demais estes projetos, pois sou ligada na história das pessoas, das famílias através do que conservam em seus espaços de moradia. Muito lindo ao entrar em uma sala e sentir a energia de quem usa ou já usou aquelas mobílias , as peças que contam muita coisa. Difícil é entrar em um espaço e sentir que você está em um lugar público, , em um quarto de hotel por exemplo.
Oi Carolina, tudo bom?
Você disse tudo! Não há nada como chegar em uma casa e, só de ver os espaços, já conseguir entender e sentir um pouco do morador. Também não curtimos casas genéricas, onde tudo é muito sem alma, sabe? Obrigada por ter passado aqui no blog e espero que curta os outros posts também. Beijos!
Eu estou encantadissima com esse blog.
Sou arquiteta e confesso que muitas vezes me vejo frustrada na concepção de alguma obra de “interiores” quando nos deparamos com clientes que almejam apenas o que aparece na mídia, incorporando-lhes o luxo, desnecessário, muitas vezes.
Casa com cara de casa, com alma e essência, é o que faz você querer voltar, curtir, se sentir segura.
Parabéns meninas pelas descobertas, pelo texto envolvente e pelo belíssimo trabalho em geral.
Oi Isabella, tudo bom?
Você não imagina como ficamos felizes com o seu comentário! <3
Felizmente achamos que aos poucos o perfil dos clientes está mudando, cada vez mais gente quer uma casa com alma e que seja "de verdade" né?
E se pudermos contribuir um pouco com isso, perfeito!
Obrigada mais uma vez, amamos que você esteja gostando… Beijos
Estava aqui escrevendo como gosto de espaços com alma quando me dei conta e subi a tela rapidinho pra conferir e (claro) era esse o slogan do blog. Mais perfeito impossível, pois é isso mesmo que sinto ao passar por cada post cheio de vida, de encanto, de arte, de alma. O Histórias de Casa foi a mais grata surpresa dos últimos tempos pra mim, me enche os olhos de alegria e o coração de esperança em pessoas que pensam como eu, que veem a alma na casa e a entendem. Lindo post. Emocionada.
Agora, e a ansiedade gigantesca pela espera do próximo capítulo, heim?
Beijos, e parabéns pela riqueza desse blog!
Oi Nine, tudo bom?
Nossa, amamos o seu comentário. Ficamos realmente emocionadas e felizes em saber que o carinho que a gente tem por esse projeto está sendo transmitido através das matérias – é incrível saber que as pessoas percebem nossa dedicação e a vontade de fazer algo diferente.
Esperamos que você goste do segundo capítulo e dos novos que virão… estão bem legais <3
Beijos e super obrigada! Você nos inspirou mais ainda…
Merecem, meninas! Estou a postos esperando as novidades ❤ e espalhando pras amigas!!!
Beijos
Que legal, Nine!!! Arrasou… rs
Muito obrigada, Beijos