Last Updated on: 27th abril 2021, 06:21 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio.

Mudar de endereço não é problema para o fotógrafo e cozinheiro Angelo, mas ele não abre mão de levar suas memórias na bagagem. Angelo viveu sua infância e juventude em Farroupilha, na Serra Gaúcha, porém desde 2010 mora em São Paulo, onde já passou por três imóveis diferentes. Nesse último, um apartamento de 100 m² em Pinheiros, ele parece finalmente ter encontrado o equilíbrio perfeito entre aconchego e praticidade.

Assim que chegou do Rio Grande do Sul, o fotógrafo, que na época trabalhava com pesquisa e planejamento de marcas, se instalou em um flat até desbravar a cidade e levantar alguns contatos. Pouco tempo depois ele estava compartilhando um apê amplo próximo à av. Paulista com diversos conhecidos – ao longo de quatro anos foram nove roommates ao todo. A vida nessa espécie de república até ia bem, porém Angelo sabia que precisava ter um espaço só seu, por isso foi atrás de um canto que não tivesse de dividir com ninguém e ainda em um bairro mais tranquilo.

Angelo passou cerca de um mês visitando apartamentos em potencial e os procurou de todas as maneiras possíveis: através da internet, batendo de porta em porta, com o auxílio de corretoras… Até que em um belo dia ele chegou ao número 131 de um prédio antiguinho e foi paixão à primeira vista, ou melhor, à primeira visita. A iluminação natural foi crucial na escolha: “Lembro-me muito bem de conhecer o apê vazio e perceber uma luz incrível batendo na janela da sala. Então entrei na cozinha, que é grande, tem muitos balcões e uma decoração no estilo original da construção, com azulejos brancos e armários laranja. Ali eu tinha me decidido que alugaria o imóvel.”. Nada mais natural que a cozinha ser um dos pontos principais para o morador, afinal Angelo comanda o blog Cozinha Dal Bó e por isso buscava um lugar não só para preparar suas receitas, mas também fotografá-las.

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Apesar de não exercer a profissão, Angelo é formado em arquitetura e os conhecimentos adquiridos na faculdade são aplicados em sua casa e às vezes até em seu trabalho. Como ele sempre se interessou por design e decoração, seu novo apartamento foi uma forma de extravasar todas as inspirações garimpadas em sites e blogs sobre o assunto. Fã do estilo escandinavo – com seus traços limpos, cores suaves e materiais naturais, como concreto e madeira – o morador a usou como base na hora de dispor os móveis que possuía: a cama, a mesa de jantar com cadeiras de ar vintage, o sofá, a estante… “Como eu já tinha muita coisa do antigo endereço, dessa vez dei mais atenção aos detalhes e elementos decorativos, como os itens que eu mesmo fiz com madeira de pinus”, conta ele.

O improviso é um dos truques do fotógrafo/cozinheiro/blogueiro/arquiteto que, além de tudo isso, ainda se vira como designer nas horas vagas. Desde que veio para São Paulo, com o orçamento apertado como o de qualquer jovem que sai da casa dos pais, Angelo começou a se aventurar com projetos de “faça você mesmo”, porém todos costumam ter um caráter experimental e não necessariamente estético. Ele chegou a usar caixotes de feira, a fazer instalações na parede com tábuas de madeira e até montou uma árvore de Natal com ripas – algo à la irmãos Campana.

Adepto do reaproveitamento, o morador acredita que esse tipo de solução deixa os ambientes com uma cara mais autêntica e menos fabricada. Como prova de sua filosofia, tanto na sala quanto no quarto ele criou móveis do zero usando tábuas de pinus cru e tijolos de concreto, como o rack da televisão e a sapateira que fica em frente à cama. As peças não custaram quase nada e são simples de tudo, mas ainda assim são as favoritas de Angelo.

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Mesmo sendo apaixonado por culinária e por sua própria cozinha, Angelo confessa que hoje em dia seu cômodo preferido é a sala de estar com suas enormes janelas. Repleta de quadros e objetos que evocam bons momentos, ela ainda conta com um exuberante micro jardim logo ao lado do sofá. “Senti muita falta de verde quando me mudei, pois no outro apê tínhamos uma varanda com uma floreira enorme, além da vista que dava para árvores lindas”, lembra ele. Sem uma amostra de natureza o espaço parecia vazio e sem vida, por isso ele pediu a ajuda de um casal de amigos para resolver o problema – Antonio Jotta e Carol Nóbrega não são um casal qualquer, os dois são os idealizadores do FLO Atelier Botânico, que defende uma nova forma de se relacionar com as plantas.

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De todas as casas e apartamentos em que morou, o fotógrafo sempre traz algum pedaço. Ele diz que é inevitável se apegar aos objetos que fizeram parte de sua história – não é um apego material, mas sim uma relação emocional mesmo, um carinho ligado às lembranças vividas em determinado lugar. São coisas pequenas, como um pedaço de madeira escrito “mi casa es su casa” por uma de suas primeiras roommates; uma pequena tábua com a frase de uma música de uma de suas bandas preferidas; velas coloridas usadas em dias de festa que viraram um quadro; uma foto da vista da janela… Angelo não gosta de coisas prontas ou iguais às de todo mundo: “Eu acredito que a casa de uma pessoa devia ser uma espécie de museu dela mesma. Acho que tudo nela deve contar uma história e ter um significado”.

Quer saber mais sobre essa morada tão única e cheia de detalhes? Então volta no blog amanhã, pois publicaremos o 2º Capítulo do apê com muitas fotos lindas.

Fotos por Rafaela Paoli

CONTINUA