Last Updated on: 21st abril 2021, 05:30 pm
Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio.
Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada… A música de Vinícius de Moraes que todo mundo reconhece cai como uma luva na história de Mercedes, jornalista e assessora de imprensa. É que antes de ter espaços iluminados e coloridos, o endereço onde ela vive com sua família estava completamente abandonado, e isso não é força de expressão. De fato a construção havia sido tomada por um matagal e não era habitada há anos – pelo menos não por humanos, já que os cômodos vazios serviam de refúgio para gatos de rua e animais selvagens. Apesar desse cenário improvável, algo em Mercedes lhe dizia que valia a pena investir no lugar. E valeu.
Um dos motivos que a levou a encarar tamanho desafio foi a localização. No limite entre a cidade e um trecho remanescente de Mata Atlântica, o bairro Instituto Previdência é um verdadeiro achado. Mercedes já morava na região e não queria abrir mão das ruas arborizadas, do parque a poucos metros de distância, dos vizinhos fraternos e do clima gostoso de interior, por isso resolveu fincar de vez suas raízes. Além disso, ela sabia que a convivência com a natureza traria qualidade de vida para seus filhos Benjamim e Martin, frutos do primeiro casamento.
Antes da reforma a família e os mais chegados diziam que a jornalista estava maluca por apostar suas fichas em uma casa tão problemática, porém ela decidiu dar ouvidos a um amigo em especial, o arquiteto Rodrigo Ohtake. A princípio ele também se assustou com o estado do imóvel, mas bastou uma caminhada mais demorada pelo terreno para que tivesse certeza de que o resultado poderia ficar incrível – depois de muito trabalho, é claro. Segura por contar com a ajuda de alguém tão experiente e querido, Mercedes fechou negócio e começou a obra.
As paredes externas da estrutura original foram mantidas, mas praticamente todo o resto se transformou. Para ampliar os ambientes e valorizar a entrada de luz natural Rodrigo sugeriu a remoção de algumas divisórias internas, o que deixou elementos da construção à mostra, como a tesoura de concreto sobre a porta de entrada. Conforme as alterações iam acontecendo, moradora e arquiteto foram descobrindo uma nova casa: uma escada surgiu para ligar duas grandes salas que antes estavam isoladas, vigas metálicas foram colocadas como um reforço no teto, o antigo corredor lateral foi anexado ao living e ganhou telhado de vidro, uma lareira colorida nasceu…
Com a base pronta Mercedes aos poucos foi sentindo os espaços e os preenchendo com relíquias acumuladas ao longo da carreira. Como sua assessoria de imprensa é focada em moda, arte e cultura, ela vive imersa nesse universo criativo, então não é surpresa alguma que tenha reunido objetos inusitados e cheios de poesia. O bowl do Estúdio Manus com a estátua de Buda, os croquis assinados pelo estilista Ronaldo Fraga, a luminária feita com canos de cobre por Alisson Louback e a fotografia de Mauricio Lima, que pertence a uma série com crianças do Afeganistão, são apenas alguns exemplos.
Pouco depois da mudança, que aconteceu há cerca de dois anos, essa história ganhou um novo personagem. Também através do trabalho Mercedes conheceu o jornalista e fotógrafo Fernando, com quem hoje compartilha sua morada. Proprietário da DOC Galeria, especializada em fotografias documentais, Fernando trouxe na bagagem muitas obras de amigos, clientes e dele próprio – assim as paredes logo se encheram. Quando ele chegou os ambientes já tinham a cara e o jeito de sua dona, porém a união do casal duplicou o número de livros, discos e objetos trazidos de viagem. Outra contribuição do fotógrafo na decoração são as peças rústicas da sala de jantar, que vieram de Minas Gerais e pertenciam a seu pai.
A não ser por alguns móveis maiores herdados dos avós paternos de Benjamim e Martin, como a máquina de costura, os tesouros familiares da moradora caberiam em uma pequena caixa: o porta-joias de madeira que sua mãe recebeu de seu pai, a concha que era de seus bisavós, a colcha que foi do enxoval de sua tia-avó, um diário de sua bisavó onde ela anotava o nascimento de todos os netos e bisnetos e um caderninho de quando sua mãe tinha apenas 9 anos. Algumas dessas joias estão à mostra pelas prateleiras, outras foram guardadas com o maior cuidado e são revisitadas de vez em quando.
Nas paredes, nos azulejos e nos tecidos, os tons fortes revelam a forma alegre como Mercedes e seus filhos enxergam o morar: “Sempre nos referimos às casas por cores… Primeiro foi a casa vermelha, depois a casa verde e agora temos a casa colorida.”, brinca ela. As flores e plantas também não podem faltar, ainda mais porque a jornalista adora o ritual de escolher as espécies, dividi-las em vasos e espalhá-las por diferentes cantos. Original e acolhedora, a casinha que um dia não teve teto, não teve nada, agora é a soma de quatro universos e meio, já que o filho de Fernando também passa temporadas ali.
Ficou curioso para conhecer os quartos e descobrir onde todos convivem nos momentos de descanso? Então não perca o Capítulo 2, que será publicado amanhã!
Fotos por Alessandro Guimarães
Una casa con muchos recuerdos, cálida y bella!
Saludos!
Mercedes, Martim e Ben são só amor é essa casa tbm ❤️
Uau! Sem palavras…..
Que aconchego de casa!