Last Updated on: 21st abril 2021, 04:23 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio.

Antes de falar sobre como a ilustradora Graziella, seu marido Leandro e seu filho Raul Benetti foram morar em uma casa todinha de madeira na Granja Viana, nos arredores de São Paulo, é preciso falar sobre como o casal se conheceu.

A história de amor entre Gra e Lelê começou em Paris – um lugar, no mínimo, inspirador. Na época ambos estavam na Europa, mas por razões distintas: ela mochilava com duas grandes amigas, ele passava uma temporada em Londres com dois grandes amigos. Um deles promoveu o encontro entre as turmas e a partir daí foram anos de amizade até o dia em que eles finalmente resolveram ficar juntos. Dois meses depois, o casal já compartilhava gavetas, panelas e sonhos.

Quatorze anos se passaram desde então, tempo suficiente para que Gra e Leandro mudassem algumas vezes de endereço, trocassem algumas vezes de móveis, fizessem alguns novos amigos… E isso sem contar o nascimento de Raul, sem dúvida a maior realização dos dois. Aliás, foi justamente a chegada do filho que os levou a questionar se a vida corrida da cidade realmente fazia sentido: “ A gente morava em Higienópolis, em um apartamento muito gostoso, mas bem no Centro. De repente, tudo o que São Paulo tinha a nos oferecer já não valia muita coisa. Queríamos verde, vento, sol, terra… Tínhamos que viajar todo final de semana para poder sentir a natureza, então parecia que não pertencíamos mais àquele cenário urbano. ”.

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A solução para o dilema da família veio meio sem querer, através da indicação de uma conhecida que havia acabado de comprar um imóvel na Granja Viana. Tudo o que a ilustradora leu a respeito do lugar lhe interessou muito: o empreendimento é uma espécie de vila, porém no meio do mato, com espaços comunitários e construções quase iguais, todas assinadas pela arquiteta Cristina Xavier e pelo engenheiro Helio Olga. De quebra, as casas de madeira ficam na altura da copa das árvores, possuem sistema de energia solar e de reaproveitamento da água da chuva e ainda são vizinhas de uma escola infantil inovadora. Pronto! Graziella não precisava ouvir mais nada. Dentro de um mês ela e o marido venderam o apê e arremataram um pedaço desse paraíso.

A casa de 200m² cumpriu tanto as expectativas de Gra e Leandro que eles não precisaram fazer nenhuma alteração estrutural antes da mudança – o único ajuste foi a instalação de guarda-corpos e redes de proteção até a metade das janelas para garantir a segurança de Raul. Além da enorme vantagem de estar completamente inserida na natureza e de ter recortes estratégicos que deixam a paisagem sempre à mostra, a construção de três andares é funcional e muito bem pensada, do tamanho dos quartos às paredes livres de umidade.

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Vindos do antigo endereço do casal, os móveis se adaptaram tranquilamente à nova configuração. Com estampas divertidas que se complementam e deixam a decoração mais despojada, sofás, almofadas e tapete formam uma sala de estar aconchegante e convidativa, quase sempre ocupada por cenários montados com pecinhas de Lego ou por canetinhas coloridas. Na sala de jantar, a protagonista é a cristaleira herdada da sogra de Gra, recheada de copos, taças e louças – a mesa de vidro redonda com pés metálicos tem desenho leve e por isso não bloqueia a visão dessa relíquia de madeira.

Espalhados pelo living, quadros, fotografias, pratos pendurados e desenhos rabiscados por Raul ocupam as paredes, todos com o mesmo status. As obras acima do sofá são assinadas por Luiz D’Horta e também pertenciam à sogra da moradora, já a grande imagem da Oca do Ibirapuera, ao lado da cristaleira, é de um amigo fotógrafo, enquanto os pratos misturam o trabalho de Gra Mattar ao de outras ilustradoras talentosas. As criações de Raul, um tanto inspiradas na mãe, mostram a liberdade colorida das crianças.

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Quatro anos atrás a vida de Gra, Leandro e Raul mudou. Hoje eles não apenas podem estar em contato com a natureza diariamente, como também se permitem viver em outro ritmo, com muito mais calma, mais espaço e uma convivência deliciosa com os vizinhos.

 

Fotos por Alessandro Guimarães

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