Aberto a mudanças | Capítulo 2

Last Updated on: 20th abril 2021, 06:11 pm

Trocar os móveis de lugar, pintar as paredes e garimpar novos objetos estão entre as diversões de Alexandre em seu apartamento, que por isso mesmo vive em constante transformação. O designer nasceu em Recife, porém se mudou para a capital paulista há 18 anos e foi pulando de bairro em bairro até parar em Santa Cecília, na região central. Não demorou muito para Nino se acostumar à rotina e aos encantos urbanos de São Paulo. Perdeu o comecinho dessa história? Então acesse o Capítulo 1 para ler a matéria completa.

Apaixonado por culinária, o morador quis deixar sua cozinha bem convidativa: “Por curtir cozinhar e entender esse espaço como o coração da casa, o concebi intencionalmente com status e jeito de sala, tanto que coloquei ali uma poltrona e um canto de leitura. Minha ideia é assumir a importância desse cômodo e trazer a ele uma atmosfera de conforto.”, revela. O lado funcional também não foi esquecido – a iluminação com trilhos aparentes permite ajustes e a instalação de novos spots se necessário, o suporte de inox na parede sobre a pia deixa os utensílios sempre à mão e até mesmo a bicicleta encontrou um lugarzinho para apoiar-se.

A profusão de quadros e plantas, pouco comum em cozinhas, também faz parte do plano de Nino para conquistar aconchego na hora de preparar suas receitas favoritas. Em molduras de diversos tamanhos, gravuras e fotografias formam composições coloridas que chegam até o teto. “Gosto muito das obras espalhadas pelo apartamento porque elas representam minha vontade de tê-las e a realização desses pequenos desejos.”. Para completar o ambiente o morador investiu na mesa de jantar redonda e no pendente de cerâmica, as duas aquisições mais recentes da decoração.

Nino já viajou para diversos países e acredita que cada cultura tem seu encanto e sua maneira de estimular a alma, porém ele confessa que Bangkok, Shanghai, Copenhagen, Berlim e Tóquio são os lugares que mais o impactaram. Tóquio, aliás, é sinônimo de boas lembranças, pois o designer chegou a morar na cidade durante quase dois anos e adorou a experiência. “Passar esse tempo no Japão me propiciou um contato bem peculiar com ingredientes inusitados e com a gastronomia como um todo. Além disso, a lógica do conceito de lar é completamente diferente. Por conta dos imóveis compactos, os habitantes são levados a vivenciar as ruas como uma extensão de suas casas, o que traz mais intimidade com a cidade.”.

Consciente ou inconscientemente, o quarto de Nino tem um clima que lembra o minimalismo japonês. A cama, com cabeceira ripada de madeira, é o refúgio preferido do morador para ler, descansar ou assistir televisão – logo ao lado dela, o criado-mudo é feito de papelão e pode ser dobrado ou levado para outros cantos do apartamento sempre que for preciso um apoio extra. Jogados no chão de forma despojada, os almofadões evocam uma sensação acolhedora junto à grande janela que garante a entrada de muita luz natural.

Cada objeto ou quadro que ocupa as prateleiras e paredes do designer tem seu porquê. Foram anos colecionando coisas que contam trechos de sua vida, cada qual a seu modo. São memórias de momentos, viagens, culturas e fases diferentes. “Minha casa é um porto seguro. É o lugar onde posso receber meus amigos e encontrar a mim mesmo através da minha história impressa em cada detalhe.”, resume Nino.

Fotos por Isadora Fabian, do Registro de Dia a Dia