Last Updated on: 19th abril 2021, 03:03 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio.

Uma feliz coincidência levou a arquiteta Renata a morar em um lugar que tem valor especial para ela e sua família. Além de ser seu endereço atual, a rua Pássaros e Flores, no Brooklin Velho, abriga uma escola infantil fundada por sua avó há 47 anos e hoje coordenada por sua mãe e sua tia. “Minha vida sempre aconteceu por aqui. Esse trecho do bairro, com suas casinhas e ruas estreitas, ainda preserva o clima tranquilo do passado.”, conta.

Antes de se casar com o empresário e designer Eduardo Erler von Erlea, Renata sonhava em encontrar uma casa antiga de vila que eles pudessem reformar juntos, porém os custos elevados dos imóveis nesse perfil a fizeram pensar duas vezes. Em paralelo, alguns anos antes seu pai havia comprado um apartamento na planta que por acaso foi entregue bem no período em que o casal estava planejando a mudança. Uma coisa levou à outra e quando a arquiteta percebeu ela já estava agendando uma visita no prédio recém-lançado. A estrutura do condomínio, cheio de serviços e facilidades, logo os conquistou, mas foi a varanda generosa que fez Renata se apaixonar de vez pelo apê de 72m².

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Como os acabamentos estavam novinhos e as instalações hidráulicas e elétricas não precisaram de quase nenhuma alteração, a moradora conseguiu finalizar a reforma em apenas um mês. Sua primeira decisão foi remover a divisória entre a cozinha e a sala para ampliar o living, criando no lugar uma bancada revestida de ladrilhos hidráulicos e com tampo de marcenaria. O segundo quarto foi anexado à área de estar, assim como a varanda, que ganhou fechamento de vidro em toda sua extensão. Para reproduzir o visual aconchegante dos apartamentos antigos Renata quis usar o piso de tacos de madeira na maioria dos cômodos – somente a cozinha recebeu uma faixa de cimento queimado no trecho próximo à pia.

“Gosto de uma decoração mais suave, com inspiração no estilo nórdico, por isso prefiro que o mobiliário e os revestimentos sejam neutros, mas ao mesmo tempo deixo os objetos trazerem cor.”, define a arquiteta. Uma de suas ideias mais criativas no projeto foi o acabamento aplicado atrás da televisão: placas cimentícias normalmente usadas na estruturação de paredes de drywall. Além de serem um material mais barato e fácil de instalar, elas ainda remetem ao concreto, uma grande paixão de Renata. “Sempre amei concreto e nas reformas que faço procuro deixar alguma parede ou viga à mostra, porém como aqui era tudo novo, essa foi uma boa solução para conseguir um efeito similar”.

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Sem preconceitos com a origem dos móveis que leva para a casa, a moradora adora vasculhar os corredores empoeirados dos ferros-velhos atrás de itens interessantes. Foi assim que ela garimpou alguns tesouros bacanas, como a grade de geladeira vermelha que virou bandeja ou a escadinha perto da porta do lavabo. Na verdade, as peças novas mesmo são poucas, apenas o sofá, a mesa de jantar, as cadeiras e uma ou outra mesinha lateral. De resto, entram em cena heranças de família dos dois lados do casal: o aparador da TV foi do primeiro apê dos pais de Renata, os bancos com assento de palhinha eram de seus avós, a vitrola pertenceu aos antepassados de Eduardo e por aí vai.

Nem mesmo as amostras de revestimentos usadas em seu trabalho escapam do reuso. “Fui colecionando amostras que iriam parar no lixo, como mármores, azulejos ou porcelanatos, pensando que um dia eu ainda iria achar uma utilidade para elas. A mesa na lateral do sofá, por exemplo, é uma peça de cerâmica sobre um pé de madeira que achamos em uma caçamba.”, diverte-se a arquiteta. Assim azulejos coloridos foram parar na parede como enfeite, o mármore virou tábua de corte na cozinha, o pedaço de latão serve de bandeja…

Alguns dos quadros do apartamento são ilustrações impressas da internet e emolduradas, porém outros possuem um valor especial, como a capa de um jornal trazido de Rotterdam, na Holanda, ou os pôsteres criados por Eduardo para sua marca de customização de bikes e motos, a Diferentes Mentes. O tema bicicleta, naturalmente um dos preferidos do morador, aparece nos livros, objetos e outros pequenos elementos, como a escultura de arame no cantinho do café.

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O carinho da moradora pelo universo da arquitetura e da decoração vem de longe: “A família toda gosta de garimpar peças antigas e minha mãe também sempre fez questão de manter a casa linda. Quando eu era criança ela chamou uma arquiteta para fazer a reforma do meu quarto e da minha irmã. Foi aí que a profissão me cativou! Achava lindo ter esse poder de transformar espaços.” Talvez tenha sido esse encantamento o que levou Renata a construir um lar com tantas recordações e tanto afeto em apenas sete meses vividos no apê.

Fotos por Isadora Fabian, do Registro de Dia a Dia

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