Decoração afetiva | Capítulo 1

Last Updated on: 16th abril 2021, 05:48 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio.

Uma casinha branca, com a fachada coberta por trepadeiras, charmosas janelas venezianas e plantas por todos os lados. Parece bom demais para ser verdade – ou pelo menos bucólico demais para estar no epicentro de um dos bairros mais agitados de São Paulo, a Vila Madalena – porém o refúgio onde a diretora de criação Ciça vive é exatamente assim, com o complemento de uma decoração feita com móveis de família e muitas obras de arte assinadas por amigos, o que torna a coisa toda ainda melhor. Para a sorte de Ciça, que descobriu esse tesouro há onze anos, a construção sobreviveu à passagem do tempo enquanto a região ao seu redor ganhava novas facetas.

O encontro de Ciça com a casa aconteceu graças à ajuda de alguns amigos espanhóis que estavam passando uma temporada no Brasil e tinham contato com a antiga moradora, que na época estava de saída. “Quando vim conhecer o lugar, já quase fiquei, de tanto que eu gostei.”, conta ela. Além da arquitetura original dos anos 30 e dos espaços acolhedores e iluminados, a localização também a conquistou: “Essa sempre foi uma área movimentada por conta dos bares e restaurantes, mas como a rua fecha durante a noite e só tem um quarteirão, ela é bem calma. Faço quase tudo a pé pelo bairro, vou trabalhar, faço compras, saio à noite… isso deixa a vida muito mais simples no dia a dia.”, completa.

Ciça não precisou realizar nenhuma grande reforma, pois a inquilina anterior era arquiteta e se encarregou dos ajustes necessários para restaurar a estrutura. É verdade que um imóvel antiguinho e alugado requer mais cuidados e tem certas limitações, mas viver em um lugar com histórias próprias e boas doses de nostalgia compensa cada esforço. Diretora de criação na Editora Trip, a moradora tirou partido de seu repertório visual para compor a decoração dos ambientes com peças interessantes que traduzem seu estilo: “Fui montando a casa aos poucos com as coisas que gosto, então ela foi ficando do meu jeito.”.

Quando a porta da sala se abre, é impossível ficar indiferente à parede recheada de quadros, fotografias e pequenas esculturas. O arranjo criativo é resultado dos anos de amizade que Ciça cultiva com artistas de diversas áreas, como a ilustradora Ana Strumpf, a designer Roberta Cardoso, a artista plástica Mirella Marino, e os fotógrafos Marcos Vilas Boas, Ciça Duarte e Alex Batista, entre muitos outros nomes queridos. Ou seja, ela tem uma verdadeira galeria particular.

Para destacar essas relíquias – e também os livros, coleções e itens garimpados por aí – a moradora preferiu manter as paredes brancas e apostou em um mobiliário predominantemente neutro, como o sofá com capa e a mesa de centro de acrílico transparente. Caçula de quatro irmãs, Ciça foi ‘mimada’ por elas e acabou herdando móveis de boa parte da família. Um belo exemplo é a mesa de jantar, que seus pais ganharam de casamento há 52 anos e que passou pela casa de todas as irmãs antes de parar na dela.

Acompanhada dos cachorros Farofa, de 8 anos, e Nina, de apenas 1 ano, a moradora aproveitou as características encantadoras da casinha, como o jardim no entorno do terreno e os acabamentos rústicos, para criar uma rotina mais leve, divertida e sem tanta preocupação. “Minha casa reflete muito o jeito que sou, e isso é o mais importante para mim.”, resume Ciça.

Fotos por Isadora Fabian, do Registro de Dia a Dia

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