Last Updated on: 16th abril 2021, 05:08 pm
Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio.
Apostar suas fichas em um apartamento antigo e praticamente caindo aos pedaços foi uma manobra ousada da editora Sofia, porém no final das contas seu instinto estava certo: após alguns meses de reforma o imóvel dos anos 50 esbanja conforto e bom gosto. Logo na primeira visita Sofia conseguiu enxergar além dos acabamentos pouco conservados e dos detalhes não tão legais e se encantou pelo pé-direito alto com vigas à mostra, pelas varandas e também pela localização, pois o prédio fica em uma simpática esquina do Jardim Paulistano, bairro onde ela nasceu e cresceu. Com tanto potencial, o apê bem que merecia uma segunda chance.
Como as mudanças seriam intensas e exigiriam conhecimentos técnicos, a moradora recorreu à ajuda de uma dupla que ela conhece há anos – Regina Strumpf e Rogério Gurgel, que comandam o escritório RSRG Arquitetos. Desde o início eles perceberam que o apartamento precisava de mais funcionalidade, iluminação natural e espaços de armazenamento, então esses três pontos foram fundamentais na elaboração do novo layout. “O piso era de cimento queimado, mas estava todo esburacado e desigual. Além do mais, os ambientes eram escuros e nenhum deles tinha bons armários. Isso sem contar a parte elétrica e hidráulica, que tivemos de refazer.”, explica Sofia.
A grande sacada da reforma foi a retirada da parede que separava o quarto da sala. Ao invés de manter os cômodos totalmente abertos, Regina e Rogério desenharam um armário de Formica azul com duas funções – de um lado ele serve de closet, do outro funciona como um painel que emoldura o sofá e traz um tom alegre ao apê. “O azul deu personalidade ao apartamento. Derrubar aquela parede ampliou e iluminou o espaço, transformando-o em um loft. Além disso, com a integração da cozinha nenhum cômodo ficou isolado ou esquecido, o que era muito importante para mim.”.
Filha de um artista plástico que sempre criou obras bem coloridas, Sofia conviveu com cores fortes a vida inteira, por isso as abraçou sem medo na decoração. Aliás, muitas das paredes livres do apê foram usadas para expor telas assinadas por seu pai. Para ela, todas têm um valor especial, pois representam diferentes fases. “O quadro que fica ao lado da porta da varanda é o meu favorito e um dos primeiros que ele pintou. Sempre foi o meu xodó, então quando eu me mudei meu pai o trouxe para mim. A tela azul ele me deu quando fiz a primeira comunhão, mas a frase estampada transcendeu aquele momento. Ela é da cor dos olhos dele, que acabou se tornando minha cor preferida. Ainda tenho um quadrinho em cima da janela que é uma aquarela com 10 flores desenhadas, um presente dele de quando fiz dez anos.”, ela lembra.
Os móveis usados na decoração também despertam boas lembranças. O sofá em formato de feijãozinho, por exemplo, é uma herança da avó da moradora. Da casa de sua mãe ela trouxe as poltronas da sala, reestofadas com couro caramelo, e de seu pai veio a mesa de jantar de madeira. Até mesmo o irmão de Sofia contribuiu na hora de mobiliar o apartamento. Além das estantes antiguinhas do escritório, ele a presenteou com peças desenhadas e executadas por ele na oficina de um amigo da família: a mesa redonda e a poltrona de chapas de compensado. Sobre a sala de jantar, o pendente feito com um galho caído e cúpulas coloridas é uma criação do amigo Pedro Farkas, fotógrafo de cinema que desenvolve luminárias como hobby.
A chegada das plantas impactou completamente a atmosfera dos ambientes. “Tudo começou quando um amigão estava mudando de casa e me deu uma palmeira enorme. Ele teve que subir os dois andares carregando o vaso com a ajuda de um outro amigo. Depois disso me empolguei e comprei uma parreira, uma primavera, uma magnólia, uma hortinha e várias outras espécies. Adoro o cuidado que as plantas pedem e que toda semana elas me dão alguma coisa, um chá de erva cidreira, uma fruta… Depois vieram os gatos, Ella e Louis, e um peixinho. É bom ter vida em volta e cuidar deles é quase um ritual.”.
Com uma reforma inteligente que otimizou a arquitetura original e uma decoração afetuosa pontuada por peças cheias de significado, o apê de Sofia une funcionalidade e aconchego de um jeito criativo. O forro de madeira e a profusão de plantas trazem um clima de casa, enquanto as cores e móveis misturam estilos e épocas. A sensação que fica é a de que a editora encontrou um tesouro escondido no meio de São Paulo.
Fotos por Alessandro Guimarães
Fantástica a ideia de apresentar a história das casas em capítulos. Fica sempre aquela expectativa da continuidade…
Não se perde o interesse na leitura e desperta o prazer em observar cada detalhe das fotos. Em tempos de coisas fluidas e descartáveis é uma alegria ver esse resgate afetivo nessa decoração. Parabéns!!!
Me identifiquei muito com a situação, pois estou transformando em minha casa, um galpão de criação de coelhos. Também pude “pescar” algumas ideias.
Muito obrigada!!! Sucesso!!!
Oi Regina, tudo bom?
Que bacana que gostou da nossa forma de contar histórias. Ficamos felizes! 🙂
Realmente gostamos de mostrar tudo com bastante detalhe e textos longos pra pessoa mergulhar de fato na história
Bom dia! O que está escrito no quadro azul?! Que se vê da cozinha?!
Oi! A frase do quadro diz assim: Às vezes é nas pequenas coisas que a mão de Deus aparece. Cabe a nós enxergar.
Boa tarde, vocês saberiam me informar de onde é essa mesa de aço cromado com rodinha? Obrigada.
Oi Samira, tudo bom?
Se não me engano, o carrinho é da Linha Dur, da Tok Stok. Mas só encontrei ele em outras medidas no site: http://www.tokstok.com.br/vitrine/produto.jsf?idItem=4181&bc=1
Vale checar se ainda tem nesse modelo.
Beijos
Lindo!
Um apartamento apaixonante! 🙂