Viver com poesia | Capítulo 2

Last Updated on: 16th abril 2021, 05:08 pm

É difícil acreditar que a editora Sofia vive em um apartamento. Localizado no último andar de um prédio baixinho no Jardim Paulistano, o imóvel tem ares de casa por conta do telhado com forro de madeira pintado de branco, das janelas antigas e dos vasos de plantas, que pontuam os espaços. Não é à toa que a moradora é apaixonada por cada mínimo detalhe de seu lar: os tons de azul, o silêncio, o aconchego… * Se não quiser perder nenhuma parte dessa história, confira também o Capítulo 1.

Sofia trabalhou na editora Companhia das Letras durante muitos anos, o que explica porque o apê está repleto de livros. “Eles já são parte da casa. Estão sempre em movimento, chegando e partindo, toda semana. É difícil alguém vir aqui e não sair com um livro. Muitas vezes reúno os amigos depois do jantar e lemos poesias, recomendamos coisas uns para os outros e por aí vai.”, ela conta. A moradora também se dedica a projetos pessoais nessa área, como seu próprio livro de poemas que está quase pronto para sair da gaveta.

Grande parte dessa coleção de títulos fica organizada na salinha de TV, um ambiente compacto e sem portas que se integra à sala de estar, porém ainda mantém certa privacidade graças à sua posição no layout. A estante, montada com cremalheiras e chapas de compensado, cria uma faixa horizontal na parede e emoldura a televisão. Banhado de luz natural, o espaço ganhou um grande vaso de costela-de-adão logo na entrada. “A minha vontade era ter um quarto gostoso para ver filmes e ao mesmo tempo receber pessoas.”, explica Sofia.

O quarto de Sofia, que antigamente tinha um forro convencional e bem mais baixo, foi um dos cômodos mais alterados durante a reforma orquestrada por Regina Strumpf e Rogério Gurgel, amigos da moradora. Com a criação do armário em formato de L – o mesmo que serve como painel na sala de estar –  o espaço se tornou funcional e de quebra recebe mais iluminação natural, já que o móvel não chega até o teto. “Queria uma cama acolhedora, porque adoro dormir. No restante preferi tudo simples, sem muito rococó, mas cheio de afeto. Os quadros na parede são todos do meu pai e dos meus tios, assim me sinto perto de quem mais amo.”

A roupa de cama, o pisca-pisca de bolinhas e os livros de cabeceira deixam o cômodo mais colorido, porém sem excessos: “Enquanto o azul acalma, o branco ajuda a pensar e a manter a cabeça vazia.”, Sofia diz. Aberta para o quarto, a bancada da pia facilitou o dia a dia e ainda permitiu que o banheiro ficasse mais amplo – assim foi possível instalar no ambiente um pequeno deck sob o box e um ofurô de madeira.

Foi por acaso que Sofia descobriu esse apartamento, mas não foi por acaso que ela fez dele o seu lar. “Aqui cada móvel e objeto tem uma história ou traz uma lembrança de alguém. Eu construí o espaço do jeitinho que queria, então ele não apenas tem a minha cara, mas é como eu sonhava.”, declara.

Fotos por Alessandro Guimarães