Dois mundos num só | Capítulo 1

Last Updated on: 16th abril 2021, 02:52 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio.

“Essa casa não para de mudar! Sempre estamos pensando em alguma coisinha que pode ser melhorada.”. É assim que Samia Jacintho, designer gráfico e sócia da Casa Rex, apresenta o apartamento onde vive com Rodolfo Herrera, barista e sócio do Beluga Café. O casal descobriu o predinho antigo em Higienópolis há quatro anos e logo se apaixonou pelos espaços iluminados na altura das copas das árvores: “Sempre gostamos de apês em andares baixos e com clima de casa e aqui, com a nossa vista, parece mesmo que estamos olhando para um quintal.”, explica Samia. Como não poderia deixar de ser, a relação dos moradores com o lar foi se intensificando cada vez mais, conforme novos detalhes surgiam ou mais mudanças aconteciam.

O casal conta que a reforma mais complexa foi feita logo no começo, com o auxílio da arquiteta Bianca Ardanuy para as alterações estruturais e os detalhes mais técnicos. Além de ampliar e interligar os ambientes retirando algumas paredes, a ideia era modernizar os acabamentos dos banheiros e da cozinha e trazer mais personalidade à casa como um todo. Os móveis e objetos colecionados pelos moradores foram cruciais na criação dessa decoração cheia de histórias para contar, mas os elementos arquitetônicos também têm um papel importante. Tanto o piso de tacos, preservados do projeto original, quanto as boiseries instaladas na sala trazem à tona uma atmosfera mais clássica que contrasta com os pilares de concreto deixados à mostra.

As referências de Samia e Rodolfo se misturam por todos os lados do apê: são livros de arte, quadros bem coloridos, a caixa com os discos de vinil e até o violão pousado ao lado do sofá. “Nós mesmos fizemos a decoração. Existem móveis que estão comigo desde a época em que morava sozinha, algumas relíquias de família e peças mais recentes que sempre cobiçamos, como o banco Mucki, de Sergio Rodrigues, e a poltrona Peacock, do dinamarquês Hans Wegner.”, revela a designer. As memórias que remetem à família dos moradores aparecem aqui e ali, deixando os espaços ainda mais calorosos, como as coleções de fósforos e selos do avô de Samia e o cesto recheado de fotografias antigas ou de viagens.

Mais do que simplesmente sua função decorativa, as peças foram escolhidas por seu significado. Logo na entrada do apartamento, por exemplo, o relógio de madeira sobre o painel desperta a lembrança da viagem que a moradora fez para Louisiana, nos EUA. A rede de balanço, uma das protagonistas da sala, foi comprada em Aracaju e também resgata memórias. E isso sem falar nas paredes, cobertas de afeto. “Colecionamos muitos pôsteres de shows feitos em serigrafia, por isso praticamente todos os cômodos possuem obras de designers e artistas bacanas, mas quem admiramos mesmo são nossos amigos. Temos muitas obras de pessoas queridas e que fazem parte do nosso dia a dia, como a gravura da Bruna Canepa, os quadros feitos pelo meu sócio Gustavo Piqueira e as fotografias de Fernando Martins e Alex Batista.”, Samia diz.

Há menos de um ano o apê passou por mais uma reforma para se adequar às novas necessidades que foram surgindo na rotina do casal, como um local para acomodar os computadores de forma discreta. Dessa vez o ambiente que mais sofreu alterações foi a sala de TV, agora equipada com uma estante desenhada pela arquiteta Juliana Braga especialmente para o apartamento – com estrutura metálica pintada de preto e prateleiras de madeira na parte inferior, o móvel acomoda a televisão, os livros e os DVDs dos moradores.

Para completar a família e trazer mais vida à casa, Samia e Rodolfo adotaram dois mascotes e preencheram os espaços com plantas, principalmente a sala e a varanda. “Sempre gostamos de animais, porém decidimos adotar um só depois de nos mudarmos para um apartamento que fosse nosso mesmo. Hoje não acreditamos que a nossa casa seria um lar sem a Lili e o Pingo.”, revelam. Já as plantinhas representam uma conquista recente: “Sempre tive dificuldade com plantas, mas cuidar delas agora faz parte da nossa rotina diária. Achamos inclusive que para os cachorros elas são bem importantes também.”, conclui a moradora.

Sem um estilo definido ou a preocupação em seguir regras, o apê de Samia e Rodolfo traduz a liberdade de um lar que pode mudar o tempo todo, conforme os desejos de seus moradores. “A casa é toda integrada e isso fez com que nós pensássemos cada ambiente com uma identidade própria, mas que ao mesmo tempo fizesse sentido ao todo. Por isso tentamos achar uma linguagem nossa que misturasse esse monte de referências que a gente tem.”.

Fotos por Alessandro Guimarães

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