Veia de colecionador | Capítulo 1

Last Updated on: 15th abril 2021, 03:02 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio. 

‘Um apartamento deve ter um bom endereço e luz natural, são as duas únicas coisas que você não consegue alterar’. A sábia frase de um corretor de imóveis virou uma espécie de mantra para o publicitário e fotógrafo Gustavo na época em que ele estava procurando um novo lugar para morar, afinal era exatamente isso o que buscava: iluminação farta, uma localização bacana e, se possível, espaços que não exigissem reformas. Hoje Gustavo vive em um apê amplo com imensas janelas voltado para a Praça Roosevelt, no centro de São Paulo – prova de que o conselho foi seguido à risca.

Quando o publicitário descobriu o apartamento, a reforma de 18 meses iniciada pelos antigos proprietários estava quase pronta, faltando apenas alguns detalhes, como persianas e armários, finalizados durante sua mudança. “Não tenho paciência para acompanhar grandes obras. Sei muito bem o que gosto em uma casa, e o desafio de encontrar algo com essas características, para mim, é mais interessante do que o processo da reforma”, ele explica. Um elemento que o conquistou no apê foi a planta integrada, bastante diferente do layout original do prédio – quem passa pela porta de entrada consegue ver toda a área social, incluindo a sala de TV e a cozinha, fechada por painéis de vidro.

Para trazer mais vida e aconchego a ambientes tão espaçosos, o morador reaproveitou móveis e objetos que o acompanham há tempos, a maioria vinda de seu antigo endereço. “Eu sempre gostei de mobiliário modernista”, ele diz. Por isso suas peças favoritas são a chaise Rio, de Oscar Niemeyer e o couch Barcelona, de Mies van der Rohe, comprados em um antiquário. Engrossando a lista de itens queridinhos estão a mesa de jantar de Jean Prouvé, que funciona como home office, e a poltrona de Le Corbusier restaurada com veludo vinho por Pinky Wainer. “Esses quatro móveis foram a base para a composição dos espaços”, Gustavo completa.

Em seu primeiro ano na faculdade de publicidade Gustavo estudou história da arte e foi aí que nasceu seu interesse pelo assunto, incluindo o amor pela fotografia. Atualmente, além de trabalhar na área, ele usa a arte para se expressar até mesmo dentro de casa: “As paredes refletem meu estado de espírito. Se estou mais alegre prefiro ver coisas que me causem mais alegria, se fico mais melancólico, gosto de observar coisas que tenham esse clima. De vez em quando olho para um quadro e pergunto por que o pendurei ali. Se a resposta não vem é porque chegou a hora de trocá-lo de lugar”.

A cozinha de Gustavo não é bem uma cozinha. Ela até tem fogão, geladeira e pia, como todas as outras, porém o morador raramente a usa para cozinhar ou fazer refeições, então o ambiente acabou virando uma continuação da sala, com direito a sofá e poltrona. “O sofá e a mesa vieram do meu antigo apartamento, acho que a memória do uso que eles tinham lá trouxe esse jeito de sala de estar. A cozinha é o primeiro lugar onde vou quando acordo. Ouvir o barulho da água fervendo na cafeteira é terapêutico, faz parte do processo de levantar de manhã”, ele conta.

Bem no eixo de uma das regiões mais movimentadas da cidade, o apartamento fez Gustavo gostar ainda mais do centro: “Acho que o centro de SP não tem preconceito. Aceita e acolhe as pessoas como elas são. Tem sido muito interessante acompanhar esse processo e ver as pessoas viverem a cidade. Para mim abrir a porta ao chegar em casa é a melhor sensação do mundo. As portas da varanda são como uma tela de cinema. É hipnótico. Cada vez que eu entro aqui, me apaixono mais”.

Quer conferir o restante do apê? Então clique e veja o Capítulo 2.

Fotos por Gisele Rampazzo

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