Last Updated on: 17th maio 2021, 12:41 am

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio. 

O Centro de São Paulo é um lugar de contrastes. Ao mesmo tempo em que há muitas vantagens, existem também alguns pontos negativos de se morar ali. Felizmente, eles não são o suficiente para desanimar os apaixonados pela região, como o arquiteto Fernando e o artista plástico Lucas. O casal vive junto há 12 anos e nesse meio-tempo já passou por 3 endereços diferentes, todos na área central da cidade: seu primeiro apartamento foi no Edifício Louvre, de Artacho Jurado; o segundo era no Ed. Eiffel, de Oscar Niemeyer; e o último fica em um prédio encantador com fachada coberta por trepadeiras no viaduto Major Quedinho.

“Várias coisas nos interessam no Centro. Em primeiro lugar, existe essa possibilidade de morar e trabalhar em espaços amplos, em edifícios bem projetados e executados. É uma arquitetura de alta qualidade, generosa com os que a ocupam e generosa com a cidade. Depois tem a situação urbana em si – o uso misto dos locais, a vida que acontece na rua, na calçada, nos bares, a possibilidade de ir trabalhar a pé… – e também a diversidade dos que habitam e frequentam a região”, Fernando conta.

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Por ironia do destino ou talvez um mero acaso, a reforma do apartamento não foi realizada pelo morador – logo ele, que assina incríveis projetos ao lado do sócio, Rodrigo Cerviño Lopez, no Tacoa Arquitetos. Alugado de um amigo que comprou o imóvel em um leilão e o repaginou por completo, o apê veio com quase tudo pronto: ambientes espaçosos e iluminados, cozinha aberta para a sala, novos revestimentos nos banheiros e vigas aparentes. “O apartamento já estava basicamente desse jeito, fizemos pequenos ajustes”, Fernando diz. O segredo do casal foi usar suas peças queridas para deixar a decoração mais pessoal e autêntica.

“Nossos móveis e objetos foram adquiridos ao longo desses 12 anos em lugares distintos – em viagens, na rua, em antiquários, presentes, itens novos, peças de amigos designers… O Lucas gosta muito de objetos, de pedras, de madeira, de barro. Ele tem uma questão com a materialidade”. Essa relação de Lucas com diferentes matérias-primas se traduz não só em seu trabalho como artista, mas também na casa. Várias de suas obras estão espalhadas pelos cômodos, como uma fotografia com camadas sobrepostas ou o livro de Pier Luigi Nervi, ambos expostos no aparador da sala.

Esse móvel, aliás, é uma das peças preferidas dos moradores. O buffet e o aparador são itens originais de Jorge Zalszupin e estavam abandonados no depósito de um amigo do casal antes de virem parar no apartamento. Já o banco com tecido verde fluorescente é um protótipo de outro amigo, o designer Humberto da Mata, que os presentou com o modelo em fase de estudo. Apaixonados pela Bahia e pelo trabalho dos artesãos que vivem por lá, Fernando e Lucas aproveitam suas viagens para trazer na bagagem objetos únicos, como as cabeças de barro de Dona Dagmar, de Belmonte, ou o banco de madeira esculpido por um artesão uruguaio.

Impossível passear pelo apartamento e não notar a presença constante das plantas. “Mais do que todos os objetos, nós amamos as nossas plantas. Elas instalaram e definiram o clima do apê. De certa forma, eu me sinto em casa por causa delas”, Fernando explica.

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Coração paulistano | Capítulo 1

Como arquiteto, Fernando até poderia se frustrar por não poder fazer grandes mudanças no apê, mas na verdade ele procura encarar as limitações do imóvel alugado de um jeito positivo: “A grande questão do apartamento alugado é que em algum momento você sairá de lá, às vezes até sem previsão. Isso por um lado é bom, porque você não fica tão apegado ao espaço, então tem uma sensação de liberdade maior”. Para continuar acompanhando essa matéria, fique ligado no blog. Amanhã tem o Capítulo 2! 

Fotos por Alessandro Guimarães

CONTINUA