Last Updated on: 4th maio 2021, 01:41 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio. 

Encontrar o apartamento perfeito não foi nada fácil para o casal de arquitetos João e Juliana. Quase todos os imóveis que visitavam tinham algum problema: ou estavam muito acima do orçamento, ou haviam passado por reformas de gosto duvidoso que exigiriam um grande esforço para serem revertidas. Por sorte eles cruzaram com uma oportunidade imperdível – um apê amplo no bairro Higienópolis, em um prédio de 1959 assinado pelo arquiteto Franz Heep, com vista para o jardim e uma árvore emoldurada na janela da sala. Ou seja, toda aquela busca valeu a pena.

“Quando vimos o apartamento o que mais nos impressionou foi o tamanho dos ambientes e o layout muito bem organizado. São três quartos idênticos se abrindo para o jardim e a área molhada concentrada no miolo da planta. O que também nos atraiu é que o apê estava praticamente todo original. Nesses imóveis antigos, com projetos de arquitetos modernos, essa é sempre a condição ideal”, o casal explica. Ao contrário de outros apartamentos do prédio que foram sendo modificados ao longo dos anos, o apê de João e Juliana ainda mantém alguns dos detalhes mais interessantes do projeto original, como os caixilhos com aberturas sobre as janelas que oferecem ventilação constante.

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Esse é o terceiro endereço compartilhado pelo casal – eles chegaram a morar na Vila Mariana e até mesmo no Edifício Copan – então a decoração acabou sendo o resultado da junção de todas as peças que eles já tinham com itens novos comprados com o tempo. “Não tivemos exatamente um projeto de decoração, pois a casa vai se montando aos poucos, à medida em que a vida vai andando dentro dela e também mudando”, João diz. Os móveis e objetos antigos serviram de ponto de partida para a disposição dos ambientes, mas os moradores costumam reconfigurar os espaços com frequência, aproveitando a liberdade que proporcionam, sem muita rigidez.

“A gente sempre muda os quadros de lugar, por exemplo. Cada um deles esconde atrás de si um monte de furos de outros quadros em outras posições”, eles brincam. Aliás, a coleção de obras é importantíssima nessa casa. Juliana estuda gravura há muito tempo, então as paredes trazem alguns trabalhos seus e também de seu professor, Evandro Carlos Jardim. Além disso, o casal tem diversas obras de amigos, como Andrés Sandoval, Bruna Canepa, Nani Brunini e Ciro Miguel. Realmente é difícil encontrar uma parede que não esteja preenchida por quadros e molduras de todas as cores e tamanhos.

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Algo que logo chama a atenção na decoração criada por João e Juliana é a mistura intuitiva de cores e estampas, sem tanto planejamento ou regras. “Acho que o segredo é não se preocupar muito se vai ficar bom ou não. O importante é que a gente goste das coisas e que elas tenham sentido para nós”, João fala. Segundo ele, são tantas camadas de informação sobrepostas no conjunto que acabamos não prestando muita atenção em cada estampa ou cor individualmente, apenas enxergamos o todo – e ele é de encher os olhos.

Pequenos objetos e lembranças estão espalhados por todos os lados: em prateleiras, dentro de nichos e até mesmo apoiados nas molduras dos inúmeros quadros. “Praticamente todas essas peças são coisas que trouxemos de viagem ou que nós dois já tínhamos de infância ou de família, além de artesanatos diversos vindos de diferentes lugares… então tudo nos traz memórias bacanas. Gostamos muito da bola de vidro espelhado que compramos no México, depois de termos visto algumas desse tipo na casa do arquiteto Luis Barragán”, eles contam.

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Encontro de referências | Capítulo 1

Enquanto a reforma do apartamento permitiu a maior integração possível entre os ambientes, a decoração se transformou em uma maneira de trazer aconchego e, principalmente, de contar histórias. “Acho que a casa reflete a nossa vida juntos”, João define. * Quer conhecer o restante do apê? Clique no ‘Continua’ para ler o Capítulo 2.

Fotos por Gisele Rampazzo

CONTINUA