Last Updated on: 14th maio 2021, 12:09 pm

O cheirinho de pão caseiro assando no forno é o aroma que dá as boas-vindas no apartamento da jornalista e cozinheira Nana. ‘Escondido’ no térreo de um prédio antigo em Pinheiros, seu lar tem detalhes cheios de afeto e simplicidade, como o banco com futons na beira da janela ou o quintal com rede e piso de caquinhos. Não à toa, o lugar é carinhosamente chamado de Pequeno Sítio, como uma homenagem à sensação de paz e calmaria que o espaço exala. O amor pelo apê é tanto que a moradora usou o mesmo nome para batizar seu projeto pessoal, focado em cursos e pesquisas sobre pães de fermentação natural e outros fermentados.

Nana descobriu o apartamento por acaso, mesmo porque na época em que o visitou pela primeira vez ela nem estava procurando um novo lugar para morar. No entanto, o clima bucólico do espaço era tão apaixonante que ela acabou indicando o imóvel para uma amiga. Eis que, mais de 5 anos depois, quando essa amiga resolveu se mudar, a jornalista aproveitou a chance e alugou o apê sem pensar duas vezes. “Foi uma sorte enorme que ele tenha voltado para mim muito tempo depois”, ela fala.

Clima de sítio na cidade

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Pode-se dizer que Nana é uma nômade contemporânea – ao todo ela já viveu em 24 casas diferentes, passando por 7 cidades e 4 países. Essa bagagem não só a tornou mais adaptável a novos espaços, como também a ensinou a transformar qualquer lugar em um lar usando as peças que já possui. “Praticamente nunca compro coisas novas quando me mudo. Acho legal esse desafio de fazer os objetos caberem e fazerem sentido em tantos locais distintos. Tenho plantas que estão comigo há 16 anos, móveis que eram do meu quarto de criança, outros que herdei de amigos e muitos vindos dos meus pais ou avós”.

Com a ajuda de sua mãe, que é arquiteta, a jornalista sempre dá um jeitinho de dispor bem os móveis em outras configurações – principalmente aqueles que têm um significado especial. A cozinha, um dos cômodos mais charmosos do apê, é o lar de muitos deles: o gaveteiro veio de um armário antigo; o nicho de madeira com copos e xícaras pertenceu ao primeiro quarto de Nana e servia de apoio ao berço; o fogão simples, mas potente, foi presente de um amigo querido; a jarra de flores de cerâmica é criação de uma amiga e os banquinhos foram trazidos de diferentes lugares do mundo. As pratarias da avó Beatriz também são reutilizadas como jarras, cachepôs ou bandejas. Aqui tudo se reinventa.

Clima de sítio na cidade

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Com mais de cem tipos de plantas e temperos, uma arquitetura com ares de casa e um silêncio incomum em São Paulo, o apartamento não poderia mesmo ter outro nome. Além de servir como ‘escola’ durante os cursos organizados por Nana, o endereço é palco de almoços animados que começam cedo e não têm hora para acabar. Provavelmente é o sangue mineiro falando mais alto. “Eu nasci e cresci em Minas. Meu avô materno era um grande cozinheiro, e minha mãe também ama o tema. Do lado paterno, temos uma fazenda rica em queijos, pamonhas, leite, frangos, farinha… então cresci assim”, a moradora explica.

Essa paixão pela culinária foi ganhando força a cada ano e agora culminou na criação do Pequeno Sítio. Tudo começou como um passatempo, uma distração de Nana em seus momentos de folga, mas logo o interesse dos amigos e conhecidos cresceu e ela viu aí a oportunidade de oferecer os cursos como um serviço paralelo. “A ideia dos cursos é que as pessoas aprendam, claro, mas também que seja um encontro alegre. Para mim, fazer com que as pessoas se aproximem do que comem e comam melhor é micropolítica. É meu jeito de melhorar um pouco o mundo”.

Clima de sítio na cidade

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Nana encara sua relação com o morar como a dos caracóis: ela leva sua casa para onde quer que vá. Quando muda de endereço, em poucos dias os espaços já assumem sua personalidade e parecem trazer todas as histórias vividas anteriormente. “Nesse sentido, meu lar sou eu mesma. O lar é a minha presença”, ela define. Ponto de equilíbrio entre a rotina agitada no trabalho e as raízes caseiras, seu apartamento com cara de sítio é prova dessa conexão entre ser e estar.

Fotos por Isadora Fabian, do Registro de Dia a Dia