Last Updated on: 18th março 2021, 02:29 pm
Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio.
O estilo vibrante e colorido da artista plástica Calu não se restringe ao seu trabalho ou à decoração de seu ateliê – ele está presente em tudo o que faz e na maneira carinhosa com que recebe a todos. Um dos maiores exemplos desse olhar é a casa acolhedora que Calu compartilha com a família: uma verdadeira extensão do universo que ela inventou para si e para os seus. Cores à la Frida Kahlo, referências marroquinas, estampas florais românticas e elementos antigos da arquitetura se misturam naturalmente, como se sempre tivessem sido usados juntos. Mais do que morar, a casa é uma forma de se expressar.
Desde que Calu e Joaquim decidiram viver juntos eles sabiam que precisariam de bastante espaço, afinal a família dobrou de tamanho quando se conheceram. Do primeiro casamento de Joaquim vieram os filhos Margarida e Teodoro, e da união com Calu nasceu Eleonora, hoje com 6 anos. Isso sem contar Pitanga, a mascote da casa. Depois de alguns meses de busca, o casal cruzou com uma construção térrea e ampla na Vila Ipojuca que se mostrou o lugar ideal para essa nova fase.
“Quando entrei nessa casa o que me chamou a atenção foi a arquitetura e os acabamentos dos anos 70: um granilite lindo nos banheiros e na cozinha, um grafismo no piso de tacos e dois quintais, um na frente e outro no fundo, para eu encher de plantas. Parecia a casa em que morei na infância, na Vila Madalena, que também era térrea com uma planta baixa muito semelhante a essa. Outro elemento que me interessou foi um grande painel de azulejos azul e branco na parede da garagem”, Calu conta. Como um dos diferenciais do trabalho da artista é a criação de painéis de azulejos, esse pareceu ser um sinal de que estavam fazendo a escolha certa.
Uma parte dos acabamentos estava bem conservada, porém também havia pontos que precisavam de melhorias, principalmente na área externa e na fachada. Para a reforma, Calu entrou em contato com o pessoal do Proa Arquitetos, que ela conhece desde os tempos da faculdade e com quem existe uma sincronia criativa. Já o paisagismo, feito em duas etapas, teve a concepção de Gil Fialho no jardim da frente e de Gabriella Ornaghi para o quintal dos fundos, inspirado no México. De um lado as paredes são pintadas de azul índigo, do outro exibem um tom de rosa desinibido que invade a área da edícula, transformada em cozinha para receber a família e os amigos nos finais de semana.
Entre todas as surpresas da casa de Calu, talvez a maior delas seja a saleta logo na entrada. Da porta de madeira indiana com marchetaria de madrepérola, garimpada pela moradora, à estampa dos ladrilhos que sobem pela parede, o lugar parece ter saído de um guia de viagens pelo Oriente. “Antes da reforma havia um grande bar de imbuia nesse ambiente, mas era gigante e ocupava todo o espaço. Optamos por retirá-lo e fazer a entrada por ali, com uma marquesa trazida da fazenda da mãe do Joaquim e uma composição de espelhos, gravuras, quadros e pratos, dando boas-vindas a quem entra”, a artista diz.
As escolhas de Calu foram bastante intuitivas e por isso revelam algumas de suas maiores inspirações. O azulão, por exemplo, lembra a casa de Frida Kahlo em Coyoacán, enquanto o pink se assemelha ao rosa usado nas construções do arquiteto Luis Barragán, também do México. Apaixonada por plantas, a moradora pontuou os cantos da casa com vasos, folhagens, cactos e flores – reais ou desenhadas. Outro elemento importantíssimo para Calu são as imagens de santos de várias religiões misturadas. Buda, orixás, deuses da Índia, santos e Iemanjá, pintada na ânfora que fez parte da cerimônia de casamento, espalham sua proteção em cada cômodo.
“Vou fazendo. Sem pensar se aquilo combina com isso, vai no instinto. A liberdade que tenho na hora de pintar uma peça de cerâmica ou compor uma estampa, termina valendo também para as escolhas da casa: cores, móveis, quadros, tecidos e elementos. Também diria que a casa tem um mix de muitas delicadezas misturadas com intensidade, assim como meu trabalho tem essa característica”, Calu define. Para ela, o conceito de lar se resume em uma frase de Buda: “Onde quer que viva, esse é o seu templo, se o tratar como tal”. * Ficou com vontade de conferir mais fotos? Veja também o Capítulo 2 clicando no Continua.
Fotos por Isadora Fabian, do Registro de Dia a Dia
Oiii, a tinta azul usada na parte externa é a Azul Índigo da Suvinil?
Oi, td bem?
Na verdade não temos certeza do nome exato da cor, mas essa da Suvinil fica bem linda também. 😉
Olá! Qual é a referência da cor pink da área externa? Muito obrigada =)
Oi Cris, tudo bom?
Lindo esse tom de rosa né? A cor é a R100 da Suvinil (Rosa Pink – Sapato de Salto). Beijos
Ela vende os pratos no ateliê?
Oi! Vende sim… inclusive já publicamos o ateliê aqui: https://historiasdecasa.com.br/2016/08/18/calu-fontes-e-seu-atelie-colorido/
Que beleza de “ousadia de cor”, como diria Ariano Suassuna! Parabéns!
Oi Selma, tudo bom?
A casa da Calu tem um clima muito especial mesmo. E com certeza as cores contribuem muito para isso. 🙂
Me corrijo: a expressão era “coragem de cor”.