Last Updated on: 16th maio 2021, 06:14 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio. 

É impossível não se impressionar com a casa da designer Cécile e do arquiteto Greg, um dos sócios do escritório franco-brasileiro Triptyque. O que chama a atenção primeiro é a fachada com referências modernistas, mas na verdade a grande surpresa está da porta para dentro: ambientes luminosos, uma sala envidraçada na altura da copa das árvores, madeiras claras, móveis criados pela moradora e uma imensa coleção de relíquias interessantes – de quadros a itens artesanais, passando por peças de design. Tudo organizado de forma leve, sem acúmulos, mas com muita história por trás.

Cécile e Greg são franceses, mas o engraçado é que eles só vieram se encontrar aqui no Brasil. Na época ela chegou a São Paulo para fazer um estágio e acabou cruzando com Greg por conta do Triptyque. Por acaso descobriram que seus pais – ambos pilotos de avião – se conheciam há tempos e inclusive já haviam trabalhado na mesma empresa. Se o interesse entre os dois já era grande, depois dessa coincidência ficou maior ainda. “O primeiro Natal que nossas famílias passaram juntas foi bem legal. Nossos pais se apreciam muito e ficaram felizes de se reencontrar”, ela lembra. Nos últimos anos, com a chegada de Marcel e Georges, filhos do casal, os almoços de família ficaram melhores ainda.

Mesmo antes de se mudarem para essa casa, Cécile e Greg a namoravam à distância, como convidados. É que o imóvel pertencia a Guillaume Sibaud, um dos sócios do arquiteto, então eles o visitavam com frequência e aos poucos se encantaram pelo lugar. “Nossos amigos voltaram para a França ao mesmo tempo em que os proprietários da nossa antiga casa alugada quiseram vendê-la. Foi uma boa coincidência”, ela diz. Como o casal já conhecia os espaços, não foi difícil adaptá-los a seu estilo e peças. Dividida em dois patamares, a construção acomoda a área da família no piso superior, enquanto o andar de baixo fica destinado ao ateliê e aos escritórios, um para cada morador.

“A casa já correspondia ao nosso modo de viver. Gui é francês também, arquiteto, sócio do meu marido, com gostos parecidos aos nossos. Então não reformamos muita coisa, não. A cozinha já estava aberta, o que para mim era o máximo, pois eu cozinho muito. A única coisa que fizemos foi quebrar a parede que separava a sala do lugar onde hoje deixamos o piano”, Cécile explica. Outro elemento especial para a família é a lareira. Como a sala tem bastante vidro e árvores ao redor, no inverno os ambientes ficam gelados, por isso ela era item obrigatório. “Casa é diferente de apartamento, você tem que conviver com os elementos da natureza. Nos mudamos com a lenha do endereço antigo na bagagem, durante o inverno do ano passado, então instalamos a casa toda com a lareira acesa”.

Em 10 anos, essa é a quarta casa em que Cécile e Greg vivem juntos, então eles já tinham uma boa bagagem de objetos e móveis – só foi preciso ajustá-los aos novos ambientes, delimitando funções e preenchendo vazios. A designer conta que tudo o que eles têm são coisas das quais os dois gostam, e isso é muito importante. Os móveis foram projetados por eles – aparadores, cômodas e estantes – e a decoração é um reflexo de quem são: tem peças brasileiras, diversos itens trazidos da França, relíquias de família… na verdade, tudo o que está na casa tem um porquê afetivo, do tapete vindo da Ásia há 30 anos ao suporte para vela herdado da avó de Cécile.

As paredes brancas expõem quadros e fotografias interessantes, que também contam histórias. Na cozinha, a foto com a vista para o mar foi clicada na cidade de Saint Malo, onde vivem os pais da moradora. Entre as obras, o casal tem imagens ligadas à arquitetura e à aviação, como o retrato de Oscar Niemeyer feito pelo amigo francês Ludovic Carème ou as fotografias registradas durante o último voo dos pais de Cécile.

De tão deliciosa, a casa deixou a vida da família mais feliz. “O plano aberto dos ambientes nos uniu muito mais. Tudo se passa no mesmo andar, ficamos juntos sempre, pois não tem muita parede. Cada um tem o seu cantinho, mas no mesmo espaço, e isso é uma delícia”, a moradora fala. * Que tal conferir o restante da história? Amanhã postamos o Capítulo 2, não perca!

Fotos por Maura Mello

CONTINUA