Last Updated on: 16th maio 2021, 06:37 pm

Poucas paredes, muitas janelas e um limite fluido entre o lado de dentro e o lado de fora. Assim é o lar da designer francesa Cécile e do arquiteto francês Greg, do escritório Triptyque. Viver com menos barreiras entre os cômodos permite que o casal esteja sempre perto dos filhos, Marcel e Georges. Além disso, a casa tem um clima que remete à infância da moradora, e isso desperta as melhores lembranças. “Morava perto de uma floresta, e passava bastante tempo lá. Tinha muita felicidade na minha casa, muito amor, muitos bolos gostosos da minha mãe… e até uma cerejeira que ganhei no meu aniversário de 10 anos”, ela comenta.

Talvez a afinidade de Cécile com a natureza tenha nascido nessa época, mas vale dizer que permanece até hoje. Não por acaso, o jardim é um dos espaços que considera mais especiais na casa. Segundo ela, em uma cidade toda construída como São Paulo, o verde é muito importante e merece ser cultivado com carinho. “E para mim as plantas aqui do Brasil são mágicas: o formato das folhas, os diferentes verdes, os tamanhos… eu adoro”, fala. A família curte bastante essa área ao ar livre – seja nos almoços de final de semana ou na hora de receber amigos. Na verdade, a porta que vai para o jardim está quase sempre aberta.

A designer viveu na África quando era criança, e isso também a influenciou bastante. “Na Europa nós não temos toda essa vegetação luxuriante. No Gabão, onde morava, tinha isso: florestas tropicais, plantas com folhas gigantes, palmeiras, etc. Mas sempre gostei dos jardins, ajudava meus pais a plantar, meus avós tinham hortas… os jardins são maravilhosos, mudam o tempo todo. É um lugar de lazer e prazer”.

Coincidência ou não, no quarto de Cécile e Greg a janela emoldura o jardim. “Inicialmente o nosso quarto devia ficar no ambiente da frente, onde agora os meninos têm a sala de brinquedos. Quando nos mudamos, instalamos a cama e dormimos uma noite lá, mas acordei querendo trocar para onde estamos agora. Invertemos e fiquei muito feliz com esse quarto que faz parte da casa”, explica. Na decoração, as cores suaves das paredes e da marcenaria trazem tranquilidade.

O quarto de Marcel e Georges tem um beliche para os dois irmãos e diferentes texturas nas paredes. Cécile diz que a infância é o melhor momento da vida, por isso os espaços infantis podem ter seu quê lúdico. “Tentamos fazer um quarto “algodão doce” sem exagero! Com muitos livros em francês e português, animais de pelúcia e algumas nuvens e aviões, para que eles possam ter sonhos maravilhosos”, ela diz. Na sala de brinquedos, estantes baixas e cestos ajudam a manter tudo em ordem após as brincadeiras da criançada.

Arquitetura, design, arte, aviação, fotografia e jardinagem. Todas as paixões da família estão presentes na casa. E a decoração é leve, com espaços vazios para o olhar repousar depois de contemplar cada mínimo detalhe com atenção – as casinhas de passarinho que servem como enfeite, a coleção de objetos brancos, a parede vermelha atrás da porta, o muro coberto por trepadeiras… trechos poéticos de um lar feito com o coração.

Fotos por Maura Mello