Last Updated on: 15th maio 2021, 07:34 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio. 

Para quem é arquiteto, como o Henrique, a escolha de um apartamento para chamar de seu não depende apenas do espaço em si – o prédio também conta muito na hora da decisão. Talvez seja por isso que ele tenha buscado um apê no Edifício Inajá, em Higienópolis. “Eu passei quase um ano procurando um imóvel na região, e esse edifício sempre me tomou bastante a atenção. Ele foi projetado e construído pelos arquitetos Victor Reif e Jorge Zalszupin, sócios na época. Logo de cara gostei da arquitetura do prédio, com o recuo em relação à rua e com o jardim linear”, ele conta.

Depois de um tempo namorando o edifício à distância, Henrique finalmente subiu o elevador e conferiu o apartamento de perto – e aí sua paixão se concretizou de vez. O lugar mantinha o desenho da planta original e não recebia manutenção há alguns anos, então o arquiteto logo soube que precisaria refazer quase tudo, mas isso não foi um problema para ele. Aliás, seria um bom pretexto para deixar as coisas do seu jeito. Quando ele iniciou os desenhos da reforma, os ambientes já estavam bem dimensionados, porém possuíam muitas divisões, uma vez que incialmente foram pensados para abrigar uma família completa. Como Henrique mora sozinho, sua principal vontade era integrar toda a área social, incluindo varanda, sala e cozinha.

Na sala, as janelas do piso ao teto e de ponta a ponta da parede garantem iluminação natural a qualquer hora do dia e trazem leveza ao apê. É nessa área que fica um dos grandes destaques da reforma: o piso amarelo que se estende até a varanda aberta. “Essa ideia surgiu no início do projeto, quando quis tratar o interior do apartamento como jardim. Tinha uma vontade de criar essa faixa verde de plantas nos dois extremos da casa, onde hoje consigo cuidar das espécies com mais praticidade, pois esse revestimento não danifica com o sol ou com a água”, explica.

A relação de Henrique com as plantas é coisa antiga. Segundo ele, foi assim desde criança. O arquiteto cresceu no interior, onde ficava dividido entre o campo e uma cidade pequena. “Meu pai e meu avô me ensinaram a ter carinho e cuidado com a terra. O que se planta nela carrega uma história, e se houver cuidado, elas nos acompanham por toda a vida. Tenho um pé de flamboyant que plantei com 9 anos de idade que hoje faz sombra na casa dos meus pais, um pé de ipê com meu primeiro namorado que tem florido de ano em ano e assim sempre foi. Acho importante manter isso na minha rotina, mesmo estando em São Paulo, acaba me fazendo bem e traz calma”, diz.

Na arquitetura, as maiores referências de Henrique estão nos profissionais que o cercam. Ele acompanha de perto o trabalho de professores que teve, além de seus amigos arquitetos. “Bastante coisa interessante tem sido feita por aqui”, fala. No caso de seu apartamento, a ideia sempre foi ter um espaço aberto, onde se percebesse rapidamente as dimensões gerais da planta e a funcionalidade dos ambientes. “Quando há essa integração, eu acredito que as funções se misturam e a dinâmica na casa se dá de forma mais livre”. Para completar, o morador povoou os cômodos com mobiliário assinado por ele e trabalhos de grandes amigos que vem colecionando há anos. * Gostou e quer ver mais? Então não perca o Capítulo 2 da história.

Fotos por Maura Mello

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