Last Updated on: 6th abril 2019, 01:25 pm
É impossível visitar o apartamento da Ana Lúcia sem se impressionar com todo o trajeto desde a entrada do prédio até a porta da moradora. No piso térreo, um extenso espaço de convivência, cheio de cores e plantas, mostra que não se trata de um edifício qualquer. E não é mesmo! Ana mora no Parque das Hortênsias, projetado por João Artacho Jurado — nome polêmico da arquitetura brasileira dos anos 50.
A verdade é que Artacho Jurado era um autodidata da construção e, por isso, nunca teve de fato um diploma ou capacitação tradicional na área. Reconhecido hoje por seus projetos ousados, coloridos e com grandes áreas comuns, o construtor foi alvo de muitas críticas na década de 1950, período em que entregou edifícios como o Planalto, Cinderela, Bretagne e o próprio Parque das Hortênsias, de 1957.
No prédio de Ana, na Avenida Angélica, o jardim possui contornos feitos de pastilhas rosas, azuis e amarelas. Cores que, juntas ao verde das plantas, levam leveza e alegria para a vida dos moradores e visitantes. Com um espaço para festas famoso pela parede de vidro formando uma curva bem definida, o térreo é também cheio de áreas livres, com bancos, jardineiras e pilares.
Ao lado, e unido pelos fundos, está outro prédio: o antigo Parque das Acácias, hoje chamado de Apracs. Com projeto também de Artacho Jurado, o imóvel fica no mesmo lote, porém com fachada para a Avenida Higienópolis. Na época de sua construção, o Brasil passava por um período de grande inflação, por isso dificuldades financeiras acabaram levando à sua venda para a família Scarpa, que tocou a administração com viés mais comercial.
Mesmo sem diploma, o talento de Artacho Jurado o transformou em uma grande referência de estilo e arquitetura. No Parque das Hortênsias, a cobertura com volumes de formas orgânicas revestidos por pastilhas no topo do edifício funciona como a cereja do bolo, trazendo para os céus de São Paulo uma referência à igreja São Francisco de Assis, projetada por Oscar Niemeyer em Belo Horizonte. Sem dúvidas, o prédio onde Ana Lúcia vive é um grande marco da arquitetura brasileira.
Fotos por Maura Mello
Arquitetura peculiar ao seu tempo. Gostaria de obter o endereço para visitar. Conheci uma parte no canal do Lufe Gomes. Adorei
Oi, tudo bem? Esse prédio é incrível mesmo.
Mas não é o mesmo mostrado no canal. Aquele é o Ed. Bretagne, esse é o Ed. Parque das Hortênsias. 🙂
Meninas, sou de Belo Horizonte. Essa cobertura e as pilastras na entrada do prédio Parque das Hortênsias lembra muitíssimo a área externa da Casa do Baile, projeto que também faz parte do conjunto arquitetônico da orla da Lagoa da Pampulha. 😉
Oi! Que demais, lembra mesmo a Casa do Baile.
Somos apaixonadas pela arquitetura dessa época. Uma pena que muitos não valorizam, né?
Esperamos um dia poder visitar BH e contar histórias daí também. Beijão!