Last Updated on: 25th maio 2021, 05:59 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio.

A nova casa da arquiteta Marcela inaugura uma importante fase de sua vida: a construção de uma família. Foi a vontade de viver com mais espaço e em maior contato com a natureza que levou ela e seu marido, o também arquiteto Alex, a trocar o antigo apartamento pequeno por uma casinha de vila na zona Sul de São Paulo. “Queria que nosso lar tivesse um ar despretensioso, leve e aconchegante. Aquela casa que te abraça, onde a gente entra e se sente à vontade. Por isso pensei em materiais mais naturais e artesanais; tons terrosos; um toque de colorido nas peças de decoração; o branco como base e o verde das plantas como pano de fundo”, a moradora conta.

Na imaginação do casal, tudo isso já estava tomando forma aos poucos, porém ainda faltava o principal: encontrar a casa! Para Marcela, que sempre morou em apartamentos, o ideal era achar uma casinha dentro de uma vila, onde se sentiria mais segura. No entanto, a busca não foi nada fácil. Depois de um ano – e de muitos imóveis caros e pouco atraentes – eles finalmente descobriram uma pequena vila de apenas 3 casas, uma das quais casava perfeitamente com o que haviam planejado.

Na verdade, a construção estava malconservada, era muito escura e passava longe de ser acolhedora. Para piorar, a antiga proprietária havia começado uma reforma nos fundos e nunca finalizou, então metade da casa era uma obra inacabada. Esse cenário, que poderia parecer pouco favorável para a maioria das pessoas, era exatamente o que Marcela e Alex queriam: um lugar com potencial que eles pudessem transformar totalmente. E então a reforma começou.

Desde o início, o projeto foi feito a 4 mãos. Como ambos trabalham em áreas distintas da arquitetura, eles puderam se complementar. Pouca coisa sobrou da antiga configuração da casa. No andar de baixo, onde a prioridade do casal era trazer integração e muita luz natural, a maioria das paredes internas foi removida, o que gerou a necessidade de reforçar a estrutura. “Essas construções mais antigas não têm um sistema convencional de pilares e vigas, são estruturadas pelas próprias paredes de tijolos maciços. Então quando há muita interferência como nesse caso, tem que existir um bom projeto de reforço estrutural para viabilizar a reforma como um todo”, eles explicam.

Uma das vontades de Marcela e Alex era criar um lavabo no andar inferior, então eles fecharam a passagem lateral que dava acesso ao quintal dos fundos e montaram um banheiro pequeno e um hall de entrada nessa área. Ali, Marcela montou uma estante que serve como cartão de visitas da casa, expondo diversas memórias, livros e objetos de afeto que o casal foi acumulando ao longo dos anos. “Sempre gosto de ter uma estante assim. Acredito que elas têm esse poder de compor em um único espaço um monte de lembranças gostosas da vida… acaba virando um ‘resumo’ das recordações”, ela diz.

No centro da sala, outro item muito especial é o tapete colorido, trazido de uma viagem de férias ao Marrocos. A moradora lembra que na época eles estavam no meio do processo da obra e, portanto, sabiam que o tapete seria um ponto importante na composição, então fizeram questão de entrar em todas as lojas de tapetes marroquinos até achar um modelo que amassem. As paredes de tijolos descascadas durante a reforma ajudam a trazer aconchego ao espaço e fazem um contraponto ao restante dos acabamentos em tons clarinhos. Os quadros, por sua vez, também representam boas memórias, já que muitos deles foram criados por amigos ou familiares.

O casal diz que a cozinha é o centro de tudo – onde gostam de estar, cozinhar e receber. Não à toa, ela foi integrada à sala de estar, ao jantar, ao quintal e até ao escritório, que fica nos fundos. O projeto de marcenaria foi pensado para que os utensílios ficassem à mostra, o que deixa tudo mais prático e reforça o clima informal da casa. Junto à mesa de jantar, Marcela usou um de seus maiores tesouros: o sofá que era de sua avó. “Eu trouxe esse móvel do meu antigo apartamento. Antes ele ficava na sala, mas sentíamos falta de ter uma peça mais confortável. Como eu não iria me desfazer dele de maneira alguma, o reformarmos e deixamos na sala de jantar. Foi uma ideia deliciosa, hoje amamos ter um sofá ali. Ficamos horas batendo papo depois das refeições”.

Sair de um apartamento pequeno e mudar para uma casa ampla com muitos espaços ao ar livre impactou totalmente a vida do casal. A troca de endereço aconteceu quando a filha deles, Lena, tinha apenas 3 meses, então calhou com um momento bem caseiro dos dois. Hoje em dia, eles passam muito mais tempo em casa e curtem cada minuto. A relação com a vila deixa tudo ainda mais gostoso: existe um clima de quase interior, as portas ficam abertas, dá para andar descalço, a vizinha traz comidinhas recém-saídas do forno e de vez em quando o cachorro do vizinho até visita o Banze, mascote da família. É realmente uma comunidade vivenciada por todos. “A casa é o nosso ninho, tem que trazer acolhimento. Deve ser o lugar onde a gente consiga respirar com mais calma, que faça a gente relaxar”. * Amando essa história? Então não perca a continuação no Capítulo 2.

Fotos por Maura Mello

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