Last Updated on: 15th maio 2021, 04:40 pm
Ideias únicas e engessadas não têm vez no apartamento de Juliana e Matheus. Ali, o espaço reflete a personalidade dos moradores: duas almas criativas e um tanto quanto expressivas. Ela é arquiteta e artista têxtil, e ele, além de designer gráfico, é calígrafo e adora fazer cadernos. Para completar, o casal trabalha em casa, em um lugar que une morada, escritório e ateliê. “Como a sala é grande, deu pra criar esses ambientes de forma bem integrada e funcional. Cada um tem sua mesa e, embora trabalhemos em profissões distintas, pedimos a opinião um do outro e estamos sempre compartilhando”, eles contam.
Antes de pensarem em morar juntos, o crescimento do ateliê de Juliana já estava a deixando sem espaço no endereço anterior, mas a compra de um tear de pedal foi o empurrãozinho que faltava para a mudança. A missão se tornou alugar um apê com maior metragem e menores custos, e, surpreendentemente, o destino a presenteou com um imóvel em um prédio icônico projetado por Gregori Warchavchik. Na época, ela ainda morava sozinha, mas depois Matheus se tornou o maior frequentador do lugar. “Ele passava horas na varanda, pintando e desenhando nos seus infinitos cadernos. Entre os rabiscos, regava as plantas, tomava uma cerveja, e já se sentia acolhido”, lembra Juliana. Daí veio a decisão de compartilharem o lar por completo, juntando rotinas, referências e até os cachorros Francisca e Benjamin.
Apesar de ser de Recife, a artista têxtil já mora em São Paulo há 10 anos, por isso a maior parte dos móveis veio de seu antigo apê. Já Matheus está na cidade há menos tempo e é dono de uma bela coleção de livros e quadros, o que acabou ornando perfeitamente. Para Juliana, possuir peças soltas a deixa mais livre para mudar – dentro ou fora do imóvel – e experimentar novos formatos, sem se preocupar em combinar ou esconder rastros. Além disso, ela também é arquiteta e desenhou parte do mobiliário do lar, que foi executada por seus parceiros de serralheria e marcenaria.
Pelas paredes estão os quadros de Matheus, com desenhos, testes de caligrafia e personagens que ele desenvolve, juntamente com os trabalhos têxteis de Juliana, que envolvem técnicas e materiais diferentes. “Gosto de olhar para as experimentações no meu dia a dia, para elas me levarem sempre para outro lugar. É como se fossem rastros, vestígios para uma próxima criação. Elas me orientam a continuar criando”, diz a moradora, ligada ao trabalho têxtil desde pequena, quando aprendeu alguns pontos com sua avó.
Para produzir qualquer uma de suas criações, o trabalho começa na mesa, onde Juliana experimenta cores, cria croquis, pesquisa referências, corta tecidos e linhas e usa a máquina de costura. O tear de pedal, que antes pertenceu a sua professora, hoje é mais uma extensão de seus projetos. Ali, o processo é lento e minucioso e antes de começar a tramar, cada fio é colocado com atenção para formar a estrutura das peças.
ONDE ENCONTRAR
PEÇAS INSPIRADAS NESSA HISTÓRIA
Na varanda, Juliana e Matheus criaram uma solução prática com blocos de concreto para sustentar os vasos de planta, uma vez que a jardineira original do prédio foi descaracterizada pela proprietária do imóvel. Para deixar o espaço bem cheio de vida, eles mesmos plantaram as espécies que possuem: “Fazemos muitas coisas juntos, botando a mão na massa ou pedindo opinião e sugestões de novas ideias para casa”. Aliás, para eles, essa é justamente a graça do apê: dividir os ambientes em diferentes momentos e compartilhar a alegria de viver em conjunto.
Texto por Yasmin Toledo | Fotos por Gisele Rampazzo
Ambientes harmoniosos, simples e confortáveis. Não precisamos de mais nada :-)! As varandas dos edifícios têm sempre essa rede, no Brasil. É para evitar os assaltos ou por segurança, devido à altura do prédio?
Verdade! Não precisamos mesmo de mais nada.
As redes são por segurança. 🙂 Quem tem filhos pequenos ou pets (cachorros e gatos) costuma usar as redes para evitar acidentes. São bem comuns no Brasil mesmo.
Beijos
Lindo seu trabalho. Bateu uma saudade… Moramos no ap.91, nesse mesmo bloco até final de 1979, qdo vendemos e mudamos para o interior do estado. Meus sogros moraram aí por muitos anos e foram muito felizes. Muitas lembranças boas daí. Sejam felizes! Sucesso!
Oi Beth, tudo bom?
Que lembrança gostosa! E que legal que você reconheceu o prédio, ficamos felizes que você tbm teve um pedacinho da sua história nele. 🙂