Cuidado para não se apaixonar por essa casa

Last Updated on: 30th julho 2024, 04:31 pm

“Uma casinha solar, despojada, colorida e com ares de litoral”, é assim que o designer de moda Rafael Gomes descreve seu apartamento de 50m² no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. Com ambientes muito bem aproveitados, cada detalhe reflete a sua personalidade criativa: “Tudo que tenho dentro de casa faz sentido pra mim. Não trago nada que não tenha um valor afetivo ou estético e, assim, deixo meu lar tomar forma organicamente conforme os objetos vão aparecendo e me gerando desejo”, ele conta.

Esculturas, móveis marcantes, quadros pelas paredes e volumes que exploram diferentes cores e formatos fazem parte de seu jeito autêntico de decorar: “Geralmente as minhas composições são mais ligadas à cor e forma do que propriamente ao significado e à funcionalidade do objeto. Se quero um ponto vermelho na estante, mas ainda não tenho essa peça no tom desejado, eu vou lá e pinto um São Jorge no vermelho que eu gosto, por exemplo”, explica o morador – que além de ser formado em arquitetura, é apaixonado por moda e cofundador da marca de roupas Retropy.

Quando se mudou para o apê atual, o designer buscava novos ares, então a claridade e as janelas amplas com vista para o verde foram decisivas para que ele quisesse morar ali. Como o espaço não precisou de grandes intervenções, a única mudança estrutural foi a demolição de uma parede que separava o quarto da sala.  Depois disso, pequenos reparos e pinturas foram o suficiente para criar a base sobre a qual Rafael bolou a decoração:

“Acredito que tanto a minha formação como arquiteto, quanto o meu trabalho com moda impactam na decoração da minha casa. Não falo de repertório técnico, mas de referências visuais das várias artes e coisas que me emocionam, me intrigam, me despertam fascínio…”, conta Rafa. “Deixo de lado essas fórmulas de ‘Tal coisa deve estar alinhada com tal coisa’ ou ‘Tons terrosos devem estar próximos à tons frios’. Acho que, desde que as escolhas tenham ergonomia, segurança e funcionalidade, de resto tudo pode! Boa parte das composições eu vou descobrindo fazendo testes: a coberta vichy na cama que fica bonita perto da parede listrada, a almofada gráfica que compõe bem perto da fotografia na sala, e por aí vai…”

Rafael, na verdade, é mato-grossense, mas já mora no Rio de Janeiro há 10 anos e está bem acostumado com o estilo de vida carioca, tanto que seu apartamento tem o mesmo ar descontraído que a cidade. “Eu já vivi em 4 estados e em mais de 20 casas ao longo dos meus 32 anos, e nessas andanças a única coisa que sempre me acompanhou foi o meu livro favorito da infância. O nome é ‘O Rei Bigodeira e a sua banheira’, mas o meu fascínio era mesmo pelas ilustrações de Don Wood, que traziam os personagens com indumentárias pomposas de estilo vitoriano. Talvez essa seja minha memória mais antiga do meu, até então desconhecido, fascínio por moda”, conta o morador.

Entre as lembranças de infância estão as redes de descanso, um elemento bastante comum nas casas do Mato Grosso, que, mesmo sem perceber, Rafa acabou levando consigo para todos os endereços em que já viveu.

Para Rafael, sua casa só faz sentido se puder ter os amigos por perto, compartilhando momentos enquanto cozinham, papeiam, escutam música e bebericam algo. Mas aproveitar a própria companhia e a de seus cachorros é igualmente importante e se tornou fundamental desde a mudança para o novo lar: “Eu adoro estar sozinho em casa, nesse apartamento em especial, pois ele é o mais silencioso em que já morei. As coisas mais gostosas que vivo por aqui estão embaladas por esse silêncio, como ler, ouvir meus podcasts, cozinhar e curtir os meus cachorros”.

Texto por Yasmin Toledo | Produção por Dora Campanella | Fotos por Leila Viegas