Uma casa pra quem sonha em morar na praia | Capítulo 2

Last Updated on: 29th abril 2024, 11:10 am

Quando a gestora ambiental Jéssica Campanha começou a dar forma à sua nova casa, ela não sabia com exatidão quais eram suas referências, mas mergulhou fundo em memórias de lugares que visitou, recordações de infância e até mesmo viagens imaginárias para paisagens onde nunca esteve. “À medida em que a reforma evoluía, eu desenvolvia a noção de como organizar os móveis, qual seria a paleta de cores… foi ocorrendo naturalmente”, ela conta. O resultado é uma casa charmosa e simples, atemporal, imperfeita e integrada, onde tudo é bem-vindo e incorporado.

Desde o início, ao começar a reforma, ela já sabia que o ponto de partida seriam as janelas garimpadas, que chegaram na obra antes de qualquer saco de cimento. “Não consigo imaginar a casa sem as janelas e portas que ela possui hoje, parece que sempre foram dela. Esse é o maior indício de identidade: você olha e não acredita que em algum momento não pertenciam ao espaço”, conta Jess. E não há mesmo como negar – as janelas azuis dão ao lar uma leveza única, com ar de descanso e de casinha na praia, ainda que o endereço fique na cidade São Paulo, conhecida pela estética urbana e pela vida corrida.

Na cozinha, um detalhe curioso é a prova de que cada ambiente foi pensado especialmente para o estilo de vida da moradora: “Gosto de cozinhar enquanto trabalho e trabalhar enquanto cozinho, por isso meu escritório é na cozinha”, ela brinca. Nos intervalos entre reuniões, Jéssica adora se deitar na rede virada para o jardim e permitir que a sua gatinha se aconchegue para balançarem juntas, mesmo que por pouco tempo. Outro elemento interessante são os móveis desenhados pela própria moradora usando madeira de demolição, mas sem aquele visual necessariamente rústico, como os armários da cozinha.

No jardim dos fundos, Jess idealizou um espaço que remetesse à infância, com direito a balanço, gramado, terra e pedrinhas de rio. A horta aromática ajuda não só na hora de preparar suas receitas, mas também atrai passarinhos e borboletas para perto. Já o teto da cobertura faz referência aos quiosques de praia. Naturalmente, quando recebe seus amigos em casa, todos se reúnem por ali, sempre do jeito mais confortável possível.

Como a mudança para o endereço é recente e tudo na casa ainda é novidade, Jéssica sente que está criando lembranças a cada dia, mesclando o tempo presente com todas as aspirações para o futuro. Nessa construção de memórias, ela se lembra bem do dia em que sua mãe visitou a casa pronta e ficou maravilhada. “Me senti muito orgulhosa de mim, me senti artista, uma mulher com múltiplas capacidades. Levo o olhar brilhante dela de orgulho e admiração forte aqui em mim”, conta Jess, brincando que agora pode adicionar ao currículo a habilidade de fazer de seu cantinho um paraíso:

“O mais característico da casa é que ela é simples e bonita porque valoriza itens feitos à mão, o imperfeito e a ação do tempo sobre as coisas. Esse trio, que muitas vezes é subvalorizado, resulta no que pra mim é a verdadeira beleza e descanso para os olhos. Além disso, praticamente não existem espaços e itens privativos na casa. E isso inclui cama, chuveiro, quarto, banheiro… a casa é toda sua se você está sozinha nela e 100% de todos se existem mais pessoas. Esse é meu jeito – muito particular, confesso – de morar”.

Texto por Yasmin Toledo | Fotos por Estúdio Pulpo