Last Updated on: 5th agosto 2024, 03:00 pm
O ano é 2020 e, em meio às incertezas do isolamento social em plena pandemia de COVID-19, as lives promovidas no Instagram pela sambista Teresa Cristina surgem como forma de levar leveza e cultura para tantos lares. Todas as quartas-feiras, o músico João Camarero se junta a ela, como convidado especial, para dedilhar algumas músicas em seu violão. Em uma dessas noites, ele percebe, entre tantos, um comentário em específico que chama a sua atenção: ninguém menos que a renomada chef de cozinha Bel Coelho elogiando a sua apresentação!
Quatro anos depois, os dois vivem em um apartamento idealizado em conjunto e se lembram com humor de quando essa história começou: da live para as ‘DM’s e, depois de um bom tempo de conversa online, finalmente o primeiro encontro presencial. Na época, João ainda morava no Rio de Janeiro, mas não demorou para que voltasse de vez para São Paulo, onde passou a morar com a Bel e os dois filhos dela, Francisco e José, na antiga casa da chef, que aos poucos, foi ficando apertada para a nova rotina da família.
Foi em 2022 que o casal decidiu mudar de endereço a partir de uma nova oportunidade. Como os avós de João possuem um apê com tamanho e localização estratégicos, que estava desocupado e em mau estado de conservação devido à falta de cuidados do morador anterior, eles acabaram se mudando para lá e assumindo a responsabilidade de manutenção do espaço, que agora tem clima aconchegante, paredes pintadas e peças com história espalhadas por todos os cantos.
Na decoração, a maior parte dos móveis veio do endereço antigo e encontrou no novo apartamento mais espaço para se espalhar e deixar a circulação livre para os moradores, entre os quais, duas crianças que gostam de fazer da sala de estar um verdadeiro campo de futebol nas horas livres.
Bel conta que não tem medo de usar cores nas paredes, e inclusive, precisou pintar todas as áreas em azul duas vezes, já que o resultado após a primeira tinta escolhida ficou mais claro do que ela esperava, gerando a necessidade de uma correção de tom.
Sobre os objetos da casa, cada um deles ajuda a contar um pouco sobre a história dos moradores. Acima do sofá, Bel expõe artefatos indígenas que ganhou do povo Yanomami durante uma gravação na Amazônia: um ralador de mandioca e um tipiti, instrumento usado para fazer a extração do tucupi; e na parede da estante está a partitura de uma música que João ganhou do amigo Mestre Leandro na época em que eram vizinhos, anos atrás. Além disso, a casa está cheia de garimpos especiais, como móveis de Jorge Zalszupin e Lina Bo Bardi, fotografias de Walter Firmo e Maureen Bisilliat, aquarelas de Di Cavalcanti, xilogravura de Carybé…
Com uma chef de cozinha e um músico morando juntos, é natural que a casa acabe, muitas vezes, se tornando uma festa para os sentidos: como os dois gostam de receber, as recepções sempre envolvem comidas deliciosas e sessões de música ao vivo. O casal brinca que a casa funciona como um ponto de encontro improvável, onde pessoas de diferentes origens, tribos e áreas de atuação acabam se conhecendo e criando novas relações.
Um ponto positivo da arquitetura que favorece esses encontros é o layout do apê, com uma área social espaçosa, mas ainda assim, com uma boa separação entre ela e os quartos. Se na sala, o casal ama a sensação de casa cheia, Bel tem o quarto como seu casulo particular, um lugar íntimo e acolhedor, com direito a cama baixa, muitos livros e — é claro – mais paredes coloridas.
Para o casal, o que não pode faltar no apartamento é o clima de casa, uma sensação difícil de descrever, mas que Bel e João comparam a um relacionamento, onde o cuidado precisa ser diário, as manutenções são constantes e movimento é o que torna tudo mais dinâmico. Com as crianças por perto, comida boa sobre a mesa e música brasileira como trilha sonora, eles sabem que não há outra definição melhor para lar.
Texto por Yasmin Toledo | Produção por Dora Campanella | Fotos por Leila Viegas
Eu amei o apê todo! Fiquei curiosa para saber de onde são as arandelas do quarto do casal, é possível saber? Valeu <3
Poxa, infelizmente não sabemos!
Pra um apartamento em mau estados, a reforma ficou ótima, muito bacana. Adotei a história do casal. Queria ver as crianças, amo ver as crianças
Eu amei tudo isso, apaixonante!
Qual o nome dessas cores?
Olá, a verde é a Espinafre e a Azul é a Azul-Marinho. Ambas da Suvinil!
Gente que apê lindo, amei as cores azul e verde, tudo combinando harmoniosamente!!! Parabéns!!!