Last Updated on: 30th março 2025, 06:20 pm
É difícil entrar pela porta da casa da Graziela e não se sentir imerso em seu universo. Logo de cara, a recepção é feita por três gatos pretos — Yoda, Tigre e Pelé — que fazem questão de conhecer cada visitante. Lá dentro, todo cantinho é repleto de peças que servem como ponto de partida para conversas sem fim.
Os quadros nas paredes refletem sua trajetória como diretora de arte: muitas fotografias são de editoriais dos quais participou, outras são presentes acumulados ao longo do tempo. Na entrada, as velas em forma de figa são de sua marca, Sacode a Poeira, enquanto os cacarecos espalhados pela casa revelam sua paixão pelo garimpo e sua alma de colecionadora. A cada passo, um novo objeto mostra um pouco mais sobre os múltiplos talentos da moradora, que também é cosmetóloga e sound healer, além de uma ótima anfitriã e cozinheira. Com tantas habilidades, a pergunta que fica é: o que ela ainda não faz? E a resposta vem na ponta da língua — “Ainda não faço cerâmica, mas quero começar!”.






Quando encontrou a casa onde vive, Grazi tinha planos de alugá-la, mas, ao cruzar a porta pela primeira vez, sentiu um misto de empolgação e receio: o espaço tinha um enorme potencial, mas estava em um estado tão precário que alugar sem uma grande reforma seria inviável. A solução? Uma compra totalmente inesperada, que trouxe o desafio extra de reformar tudo dentro de um orçamento enxuto. Ela então uniu o útil ao agradável, aproveitando ao máximo o que a construção original tinha de melhor:
A primeira coisa que fiz foi abrir tudo. Era um absurdo ter uma janela desse tamanho na cozinha e não aproveitar








Grazi confessa que, como não tinha intenção de alterar a estrutura da casa, foi levando a reforma sem arquiteto até o momento em que seu engenheiro perguntou: “Onde você quer os pontos de luz?”, e ela não fazia ideia do que responder. Foi aí que a designer de interiores Mariana Kraemer entrou no jogo, planejando os armários da cozinha, do closet e dos banheiros, definindo a iluminação, entre outros aspectos da reforma. A mudança oficial aconteceu no começo de 2020 e, por sorte, Grazi já estava bem instalada em sua nova casa quando a pandemia começou.
A maior parte dos móveis veio da morada anterior e muitos, inclusive, são heranças de família trazidas do Rio de Janeiro. Com um pai arquiteto e decorador, Grazi aprendeu desde cedo o valor de objetos com história e, na pandemia, acabou conhecendo o mundo dos leilões online. A empolgação foi tanta que sua marca, a Sacode a Poeira, surgiu como uma forma de movimentar seu acervo. Além de uma curadoria apurada de itens garimpados, ela também propõe novas formas de se relacionar com as peças, como, por exemplo, sua coleção de velas em moldes de perfumeiros ou dentro de bombonieres — este último desenvolvido em parceria com a Pavio Vintage.











Nos fundos da casa, desde o início de 2024, Grazi tem uma sala dedicada aos seus atendimentos de sound healing. O espaço tem projeto assinado pela arquiteta Rê Helena, responsável também pelos arranjos de flores da entrada.
Ainda que seja apaixonada por receber e tenha hóspedes em casa com frequência, Grazi se considera uma pessoa solitária por opção e, morando sozinha, não tem dificuldade alguma de se divertir com a própria companhia. Ainda assim, ela confessa que a vida ficou melhor com seus gatos, que lhe apresentaram um tipo de afeto totalmente novo desde que chegaram.
Inspirada por uma entrevista de Charles Cosac para a revista Piauí, ela o parafraseia: “Eu sou um ponto final e tá tudo bem, estou feliz com isso”. Em uma brincadeira sobre suas tantas peças espalhadas pela casa, completa: “Quando morrer, deixo tudo pros gatos”.
Texto por Yasmin Toledo | Produção por Dora Campanella | Fotos por Felco
Fiquei feliz só de olhar, casa incrível diria louvável.
Bela casa, colorida, harmonica e pessoal! adore! Gio da Alemanha