Movido a arte | Capítulo 2

Last Updated on: 15th abril 2021, 03:36 pm

Pessoas de personalidade forte costumam viver em casas igualmente interessantes, como Julia, criadora da galeria 55SP. Ela se mudou para um prédio dos anos 50 no centro de São Paulo quando estava grávida dos gêmeos Benjamim e Theodoro e hoje, oito anos depois, o apê reúne muitas histórias e lembranças guardadas com carinho – isso sem falar nas obras de arte, é claro. Se você ainda não leu a primeira parte dessa matéria, confira também o Capítulo 1.

A cozinha, que já era integrada à sala quando Julia arrematou o apartamento, ganhou uma pequena reforma no início desse ano. “Sempre sonhei com uma cozinha industrial como a dos restaurantes. Meu ex-marido, pai dos meninos, é cozinheiro, então com a ajuda dele eu consegui comprar os balcões e paneleiros de inox de um restaurante que estava para fechar. São móveis muito duradouros, os comprei com anos de uso e ainda estão em ótimo estado”, ela diz.

Além das paredes de cimento queimado e do piso com lajotas avermelhadas, as antigas portas de madeira foram pintadas de preto, mesma cor do revestimento que funciona como pano de fundo para a bancada da pia e para a área do fogão. Apesar de não gostar tanto de cozinhar, Julia aproveita o espaço para receber os amigos – aliás, muitas vezes são eles que comandam as panelas enquanto ela organiza os ingredientes e prepara a casa.

No quarto da galerista, onde o branco predomina, as cores aparecem de forma pontual, porém marcante: em obras com tons fluorescentes, no banquinho de metal amarelo, em plaquinhas perto da porta… Segundo Julia, o bacana do espaço é justamente a liberdade de misturar objetos e arte com histórias importantes de sua vida. Para completar, a tubulação elétrica seguindo o mesmo estilo usado na sala ajudou a moradora a criar uma iluminação mais funcional nas laterais da cama, ideal para os momentos de leitura.

Benjamim e Theodoro brincam livremente em todo o apartamento, porém ainda assim Julia quis reservar um quarto para suas aventuras. O ambiente, com bastante espaço para estripulias, reúne a televisão, um sofá confortável, brinquedos e duas carteiras de escola garimpadas – onde eles podem fazer a lição de casa. No outro quarto da dupla o que chama a atenção são as camas coloridas, suspensas por perninhas compridas. “Os meninos saíram do berço e foram direto para essa cama alta, então no começo era uma aventura para eles subirem”, Julia lembra. Nas paredes, mais obras de arte, mas dessa vez com a assinatura dos irmãos.

“Acho que a casa é o nosso porto seguro, tem que refletir nossa personalidade e trazer bem-estar. Eu adoro rua, passear, viajar…, mas não há nada como chegar em casa! E o que faz ela ser assim é ter um pouquinho da história da família em cada objeto, cada parede pintada, cada móvel escolhido e, claro, cada prego pendurado com obra ou foto na parede”.

Fotos por Alessandro Guimarães