“Será que achamos nosso lugar?”

Last Updated on: 9th janeiro 2024, 01:13 pm

Entre as memórias mais felizes que o Raphael e o Thiago guardam do lar onde vivem há cerca de 2 anos estão os primeiros dias logo após receberem as chaves. “Vínhamos ao apartamento mesmo com ele não tendo nada, nenhum móvel. Era uma sensação de sonho realizado”, eles contam. Naquele momento, o espaço, ainda que vazio, representava o fim de uma longa busca e o início de uma nova etapa, um futuro prestes a ser construído.

“Pelas nossas contas, chegamos a visitar mais de 50 apartamentos. Era o nosso programa do fim de semana, e muitas vezes da semana também. Pode até parecer piegas, mas nenhum deles tocou o nosso coração, até que entramos nesse e parece que tudo se encaixou. Foi como se ele também estivesse esperando a gente. Acho que, antes de analisarmos objetivamente se o espaço cumpria certos requisitos, o importante foi que já conseguíamos imaginar como ele seria habitado, como faríamos dali a nossa casa, o nosso lar. Mesmo sabendo que precisaria de uma boa reforma, já entendíamos que o potencial estava todo ali. A gente compartilhou um olhar cúmplice de ‘será que achamos nosso lugar?’. Parecia inacreditável depois de tanta procura”, lembra Rapha.

Na reforma, que contou com a ajuda do arquiteto Renato Périgo — um grande amigo do casal — bastante coisa mudou e algumas paredes saíram de cena para proporcionar mais integração e amplitude aos espaços. Como Thiago é de Fortaleza e tem uma família grande, ele sempre esteve acostumado a ter a casa cheia. Já Rapha, apesar de ser de São Paulo, também passou a infância em casas com jardim e áreas livres, então naturalmente eles acabaram levando essas referências e memórias afetivas para o apê:

“Acho que pensar num novo lar é traduzir esses traços que moldaram nossa personalidade para os ambientes. O apartamento nos encantou tanto por ter essa amplitude, esse ar de casa. À primeira vista, ele já tem essa característica acolhedora que faz parte da gente – individualmente e como casal. Um clima alegre, leve e receptivo”, Raphael diz. Ainda assim, os dois tiveram o cuidado de manter a identidade do imóvel, restaurando elementos como as janelas de ferro e os móveis embutidos de madeira.

Para decorar, os moradores são adeptos da espontaneidade, sem muito apego a tendências ou à materialidade das coisas. Para eles, o apartamento é como uma caixa branca para receber o que encontram em suas viagens ou andanças, e há sempre espaço para encaixar algum presente de amigos. No fim, a curadoria de objetos é muito mais fundamentada pelo valor afetivo do que pelo estilo ou aparência das peças. Como nesse lar cada detalhe foi construído em conjunto, todos os itens guardam alguma memória especial sobre esse processo: “Sempre lembramos do dia que penduramos certo quadro, ou do dia que montamos determinado móvel…”

Naturalmente, a sala de estar acabou se tornando o grande destaque da casa, onde eles passam a maior parte do tempo, e é a primeira parada logo que entram pela porta à procura de um sentimento de descompressão e relaxamento. Ali no sofá, eles conversam até tarde da noite, brincam com o cachorro Farofa e recebem os amigos e familiares em momentos de festa.

Aliás, a cozinha também tem um valor especial, já que é nela que Raphael prepara suas receitas para reunir todos ao redor do fogão. Entre o cômodo e a copa, está a fotografia de sua avó pendurada na parede: “Funciona quase como um amuleto para qual o Thiago também aprendeu a recorrer”, Rapha conta.

Neste espaço construído com tanto carinho por Raphael e Thiago, cada detalhe revela um pouco sobre a história do casal: “Nosso lar acabou virando uma extensão da gente. É meio simbiótico, na verdade. Acho que ficamos melhores quando estamos nele e ele ganha cada vez mais personalidade à medida que isso acontece”.

Texto por Yasmin Toledo | Fotos por Felco