O lar de Alexandre Disaro é sinônimo de pertencimento

Last Updated on: 23rd novembro 2024, 09:28 am

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Logo ao primeiro olhar, é fácil notar quando um espaço é habitado por alguém interessante. E no lar do fotógrafo Alexandre Disaro, há muitos indícios disso. Para quem entra pela porta, a vista é tomada pelas plantas da sacada; depois, é impossível não reparar que inúmeros tapetes se sobrepõem no chão, criando um emaranhado de estampas. Pela mesa de madeira em posição privilegiada se vê que ele passa bastante tempo trabalhando ali, mas a cozinha, cheia de temperos, também chama atenção e desperta curiosidade sobre quais receitas são preparadas naquele espaço. Por fim é que se percebe que o apartamento não é muito grande e, aparentemente, não possui nenhum quarto, ou mesmo cama, mas ainda vamos chegar nessa parte…

Para Alê, uma forma de definir o seu apê seria “uma casa colorida, silenciosa, cheia de plantas, cheirosa, repleta de história e estórias de viagem materializadas em belos objetos artesanais”. Aliás, essas peças espalhadas de tantas maneiras pelo espaço refletem seu interesse e paixão pelas culturas asiáticas. As tapeçarias, em especial, buscam emular o toque e o cheiro que ele sente ao entrar em mesquitas e lares muçulmanos, enquanto a disposição sobreposta lembra o encanto de Alê ao visitar lojas de tapetes em souqs.

“Ao mesmo tempo, interpreto esse chão macio também como a minha versão colorida de um tatame e trago o meu dia a dia todo para o chão. Tomar chá, ler, dormir, me sentar e relaxar. Essas cores, texturas e culturas são o alicerce da decoração da casa”, ele completa.

Agora sim, a revelação sobre a cama: é ali, no espaço livre entre a poltrona e a área externa, que Alê estende o seu futon japonês antes de dormir, em um ritual que se repete diariamente: “Adoro o processo de arrumação do futon, pois me lembra que este lugar está em constante movimento e transformação. Minha casa foi desenhada para que o seu uso me lembre da necessidade do movimento, assim como na vida”.

Antes dele se mudar, o apartamento foi inteiro reformado, com adaptações de layout e atualização das fiações e encanamentos. Nesse processo, quase todas as paredes internas saíram de cena e a cozinha se transformou em um ambiente integrado à sala e segmentado por um ‘aquário’ em serralheria. As ideias e soluções práticas foram concebidas pelo seu marido, Lufe Gomes, que contou com a grande amiga Cláudia Teruz em todos os detalhes.

Aliás, Lufe vive no apartamento ao lado, conectado ao lar de Alexandre por uma passagem pelo jardim, na varanda: “É como se morássemos juntos e escolhêssemos cada um habitar uma parte diferente da casa”, diz. No dia a dia, todas as refeições são feitas em conjunto e é comum que um visite o outro para preparar um café ou chá, conversar ou convidar para uma volta pelo bairro. Já o jardim é cuidado pelos dois e ainda serve como um ponto de encontro um tanto quanto inspirador.

Na rotina de Alê em seu apê, ainda há tempo para cozinhar, principalmente receitas indianas, tailandesas, vietnamitas, coreanas, chinesas e japonesas, e se dedicar a outros pequenos rituais durante o dia, como a limpeza pela manhã e a pausa para o chá da tarde. Apreciador de belos aromas, Alê confessa que algumas das coisas que não podem faltar na sua casa são incensos, perfumes e óleos essenciais. Com tantos detalhes, particularidades interessantes e objetos com memórias especiais, o seu apartamento revela sua personalidade de forma genuína:

“Sou curioso pela vida e pelo mundo. Amo viajar, conhecer culturas e ver de perto trabalhos manuais, de preferência tradicionais. Minha casa é a materialização dessa personalidade curiosa. É o reflexo de um olhar preocupado em valorizar o artesanal de qualidade, ao conter poucas e boas peças. Aqui tudo tem história e tudo tem uma estória. É o refúgio onde encontro pertencimento em todos os cantos”.

Texto por Yasmin Toledo | Fotos por Maura Mello