Last Updated on: 27th abril 2021, 05:13 pm

Juliana vive em um apartamento de 80 m² em Pinheiros, comprado quando decidiu sair do aluguel e encontrar um lugar para chamar de seu. Decorado com calma e delicadeza, o espaço hoje reflete não apenas seus gostos e referências, mas também suas escolhas de vida.  Com talento para criar pequenas composições de objetos, a moradora adora fazer misturinhas e acredita que elas tenham um papel importante na construção desse universo. Quer acompanhar a história desde o começo? Então leia primeiro o Capítulo 1.

Quase todo mundo tem um canto preferido na casa e Ju não é diferente. A sala de jantar, que se resume a uma mesa, uma cadeira e alguns banquinhos, é o ambiente mais gostoso de todos em sua opinião. A ausência de paredes, que traz uma deliciosa sensação de liberdade, tem muito a ver com isso, porém talvez o mérito seja mesmo é das plantas que ocupam o topo dos armários e a estante metálica, derramando suas folhas até o chão. “Um amigo meu um dia falou que ali parecia um jardim de inverno. Daí entendi porque aquele lugar me traz tanto bem-estar.”, conta ela.

A participação dos arquitetos Vivian Giometti e Renato Salles, do Estúdio Cada Um, também foi crucial para esse resultado. Além de comandar a retirada das paredes, integrando cozinha, área de serviço e quarto de empregada, a dupla propôs ideias inusitadas que acabaram encantando Juliana. Uma delas é a emenda irregular entre o piso de ladrilhos e o assoalho de madeira original do prédio – ao invés de optarem por um porcelanato simples que imitasse cimento queimado, os arquitetos ousaram em uma solução que faz toda a diferença no visual do apê. No dia da instalação os três se juntaram para testar o desenho, puxando uma peça aqui e outra ali até chegar a esse efeito.

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Os detalhes especiais da cozinha não param por aí. Para garantir um fluxo de luz constante dentro dos espaços e ao mesmo tempo esconder a parte funcional da área de serviço, Juliana apostou em cobogós que lembram a textura trançada da palhinha. De cimento, o modelo foi uma sugestão de Vivian que casou perfeitamente com a bancada de concreto onde ficam o fogão e a pia. Os poucos armários e as prateleiras abertas não deixam o cômodo sufocado e de quebra permitem que a tubulação à mostra no teto fique em destaque: “Essa foi uma surpresa boa. Quando tiramos o forro, que seria refeito, descobrimos os canos, alguns de cobre, outros de metal. Curti muito aquele tom dourado, então desistimos do gesso e só homogeneizamos as cores com um spray.”.

Ju diz não ter muito talento para garimpar coisas ou móveis usados, no entanto seu olhar curioso a levou até uma lojinha um tanto bagunçada em sua rua. Lá dentro, em meio a itens empoeirados e fora de ordem, ela encontrou uma mesa cheia de potencial, mas com um tampo velho repleto de cupins. Com a ajuda de um marceneiro ela reformou a peça e ainda pintou os pés originais com spray amarelo. Outro objeto que vale a pena citar é o anjo de madeira tocando violão. A moradora nunca se interessou muito pelo estilo rústico e nem imaginava comprar algo assim, porém em uma viagem a Tiradentes ela se apaixonou imediatamente pelo abajur – talvez por ele ser uma forma de trazer um pouco daquela cidade tão mágica para dentro de casa.

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Com vista para as plantas que ocupam o terraço, o quarto de Juliana é uma tranquilidade só. Aliás, era exatamente isso o que ela pretendia quando decidiu decorar o ambiente com poucos elementos. A iluminação, que tem a intensidade regulada por dimmers, é sua maior aliada na busca pelo aconchego. Logo ao lado da cama, um móvelzinho despretensioso organiza livros e objetos: “Essa estante ficava na área de serviço da minha antiga casa. Acho muito legal pensar que as peças podem transitar assim, basta a gente se dar essa liberdade.”. A cadeira de palhinha, transformada em criado-mudo, é outro exemplo de improviso que funcionou.

No meio dessa história de deixar o aluguel pra trás e construir um novo lar, Juliana se pegou mudando também de profissão. Ela, que até pouco tempo trabalhava como pesquisadora, decidiu trocar completamente de área para atender à própria vontade de fazer algo que beneficie mais as pessoas, e não o contrário. Ao lado do pai, que também tem um espírito empreendedor, ela irá lançar uma marca de mel que será produzido na fazenda da família no interior. Apesar dos desafios, Ju está muito feliz diante desse crescimento: “Eu não vejo a hora de o nosso mel finalmente estar no mundo!”.

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Realizada com o apartamento, com o bairro e com o novo rumo da carreira, Ju está naquele momento em que as coisas começam a dar certo depois de muitos anos de trabalho duro e incertezas. É claro que estar sempre cercada de cores que inspiram, objetos queridos e muita natureza só ajuda nesse sentimento positivo. Além do mais, chegar em casa e ver a gatinha Coruja se jogar no chão ao lado da porta pedindo carinho é um sinal bem claro de que essa é a vida que ela gostaria de levar.

Fotos por Isadora Fabian