Last Updated on: 15th maio 2021, 06:29 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio. 

Em um primeiro momento, é difícil acreditar que o empreendedor Filipe e a cineasta Shelly vivem em um apartamento. Se não fosse preciso passar pela portaria antes de entrar, muitos pensariam se tratar de uma casa. Isso porque o casal teve a sorte de encontrar um apê térreo com um imenso jardim bem no coração da Vila Madalena. Para se ter uma ideia, o espaço descoberto é praticamente duas vezes maior do que a parte interna. “O diferencial desse apê é a área externa, que dá a sensação de morarmos em uma casa com as vantagens de um prédio, unindo assim o melhor dos dois mundos”, eles dizem.

Porém, esse encantamento imediato que o apartamento causa hoje em dia não foi exatamente o que o casal sentiu quando visitou o lugar pela primeira vez. Na época, a planta era compartimentada em vários ambientes – o que tornava o apê extremamente escuro. Além disso, o jardim estava malcuidado e a área externa não era nem de longe tão agradável quanto agora. Mesmo assim, Filipe e Shelly enxergavam um grande potencial ali. Eles só precisavam saber por onde começar a reforma e a quem recorrer. Partiram, então, em busca de um arquiteto que conseguisse traduzir todas essas vontades.

Shelly chegou aos arquitetos do Estúdio Penha quase por acaso: “Quando decidimos iniciar a obra, eu fucei o Instagram e o Pinterest de cabo a rabo atrás de inspirações e referências, e coincidentemente, todas as fotos que eu gostava me levavam a um mesmo destino – o Estúdio Penha. Depois descobrimos que eles eram responsáveis por obras que admiramos muito, como o Manioca e o restaurante Bráz Trattoria”, ela explica. O escritório é conhecido por apostar no reaproveitamento de materiais e na beleza da imperfeição, expondo tubulações, paredes descascadas e estruturas aparentes como uma forma de contar histórias por meio da arquitetura.

A sala evoluiu bastante com a reforma. Se antes ela era escura e menos espaçosa, com uma parede verde que a deixava com um aspecto antiquado e frio, agora o ambiente se conecta com todo o apartamento ao mesmo tempo. As paredes confinantes foram substituídas por estruturas de serralheria e vidro que deixam à mostra o escritório e o quarto – além de permitir que a luz natural chegue até os pontos mais distantes das janelas. Não à toa, os caixilhos estão entre as soluções favoritas do casal.

A cozinha também é muito especial para eles, tanto que foi deslocada para uma área nobre do apê, com vista para o jardim e pertinho da sala. Antes ela ficava no canto menos privilegiado da planta, ao lado da área de serviço, então trocá-la de lugar foi uma das prioridades da obra. “Antigamente, a cozinha era desconectada do resto da casa, mas como cozinhar é uma das nossas atividades prediletas, optamos por um espaço aberto e integrado”, Shelly conta. Ela também diz que, entre todos os elementos do apartamento, talvez seu preferido seja o ladrilho verdinho atrás da bancada. “Abro um sorriso toda vez que vejo ele!”.

Shelly e Filipe têm orgulho de dizer que cada detalhe de sua casa foi muito pensado. Para o casal, é importante ter uma ligação afetiva com os móveis e objetos. O sofá era da mãe dele e foi reformado; a mesa de centro foi desenhada pelas arquitetas e eles dois buscaram os azulejos antigos para seu tampo; o carrinho de chá da cozinha é uma herança da avó de Filipe e por aí vai. Como ambos gostam muito de música e de quebra-cabeças, os instrumentos, os LPs e os quadros ligados aos dois temas se espalham pelo apê. “Cada cantinho tem sua história (história essa que ainda estamos construindo)”, eles falam. * Gostou do apartamento e está curioso para conferir o famoso jardim? Então fique ligado no Capítulo 2.

Fotos por Isadora Fabian, do Registro de Dia a Dia

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