Last Updated on: 27th maio 2021, 06:56 am
Três coisas são essenciais no lar da designer e arquiteta Marieta: silêncio, luz natural e espaços abertos. Em busca de tranquilidade, ela sempre procura apartamentos que sejam virados para as costas dos prédios onde vive, longe da bagunça da rua. “Só me sinto em casa quando há silêncio e paz”, conta. A entrada de iluminação também é um fator determinante – para ela, janelas pequenas são um problema. E, finalmente, os ambientes abertos podem ser conquistados a partir de reformas inteligentes, como a que realizou em seu mais novo endereço, em Pinheiros. “Nada de casa compartimentada. Preciso de espaços que se comuniquem uns com os outros”, completa.
Foi pensando nesses três elementos que a moradora resolveu mexer no layout original do apê. As mudanças foram realizadas com o objetivo de trazer amplitude, além de permitir que a luz vaze de um cômodo a outro. Marieta também removeu soluções antiquadas, como a entrada e o banheiro de serviço, que tiveram suas áreas adaptadas para outras funções. A decoração aconteceu de forma orgânica, numa brincadeira de encaixar tudo o que ela já tinha nos novos espaços. “Isso dá uma sensação de casa com vida. Não são coisas novas que acabei de colocar no lugar. As peças vão se encaixando e isso traz personalidade logo de cara”, a designer fala.
Como ela desenha móveis e também faz reformas, acaba pensando nas duas coisas um pouco juntas. Antes mesmo de começar o quebra-quebra, Marieta pegou as medidas dos itens que já tinha e foi testando para ver onde caberiam – ou qual seria a melhor maneira de fazê-los caber. Até os pontos de iluminação foram bolados de acordo com as luminárias trazidas de outros endereços. “Uma coisa não é desconectada da outra. Esses móveis equipam a arquitetura com as diversas funções que a gente precisa no dia a dia, então faz sentido pensar em ambos ao mesmo tempo”.
No home office, instalado no local onde antes ficava um dos quartos, Marieta toca diversos projetos simultaneamente. Depois de anos mantendo um escritório fora, a arquiteta achou que agora seria um bom momento para juntar tudo em um único lugar. Até porque, para ela esses dois universos estão entrelaçados mesmo: trabalho e vida pessoal. “Fiz o escritório de uma maneira que se juntasse à casa naturalmente, então é um apartamento meio sanfona – por vezes estou aqui com assistentes ou faço reuniões, mas em outras ocasiões a casa fica vazia e tranquila”, diz. Esse envolvimento é intrínseco à sua carreira. O trabalho permeia seu dia a dia e até as férias, então a criatividade pode vir a qualquer hora: no lazer, cozinhando, em exposições, viagens…
Atualmente, Marieta divide seu tempo entre desenvolver protótipos de peças novas e realizar projetos de arquitetura – na maioria desses trabalhos, ela desenha todo o mobiliário das casas do zero, às vezes até os caixilhos. Ela também está se aventurando com materiais diferentes, como barro, e trabalhando com design expositivo, mas não faltam planos para o futuro e novos meios de colocar as ideias em prática. Sua busca por criar e se expressar é constante.
Marieta prefere preencher os espaços com móveis e objetos, mantendo a arquitetura mais limpa, normalmente com paredes brancas. Ela costuma começar com os ambientes mais crus e depois vai entrando com ‘essas coisas da vida’, como diz: fotos, objetos de viagem, móveis que fez, protótipos… porém, com os anos a arquiteta foi sentindo falta de um pouco mais de aconchego em sua casa. Foi aí que veio a ideia de usar um papel de parede da marca branco. para complementar a decoração de seu quarto. “Eu tinha acabado de fazer uma viagem para a África e havia trazido uns tecidos de lá com a intenção de fazer cortinas, então esse papel de parede veio muito a calhar. Escolhi esse modelo mais tribal porque achei que conversava bem com a estampa africana. Ambos falam de origens”, explica.
Foram muitos os endereços onde Marieta já viveu ao longo da vida, mas todos eles tinham duas coisas em comum: as plantas e os bichos – não por acaso, estão presentes em seu apartamento atual também. Além da relação afetiva e da memória, as plantas e os animais exigem um cuidado diário, então isso faz com que ela tenha que alimentar o lar constantemente, estar presente e prestar atenção nas necessidades do espaço. “Mais do que os objetos de decoração, as coisas que precisam de um alimento diário são as que fazem a casa ter mais vida”.
Fotos por Isadora Fabian, do Registro de Dia a Dia
Amei essas caixas de madeira com objetos dentro! Onde foram compradas? Me parecem feitas por ela. Quero uma igual e estou curiosa.
Oi Flávia, foi ela mesma que fez 🙂 Cada caixa conta um pouco sobre um momento de vida! bjs