Last Updated on: 15th fevereiro 2021, 02:51 pm

Foi preciso muita dedicação da arquiteta Giuliana e do economista Giovani para que finalmente encontrassem o lar ideal, mas agora que eles vivem em um apê encantador e colorido, dá para dizer que toda a espera valeu a pena. Depois de visitar mais de 70 imóveis na região central da cidade, o casal estava a ponto de desistir quando conheceu esse apartamento antigo na Vila Buarque. “Fizemos um trato antes de entrar: se não fosse esse, a gente iria parar e só voltaria a procurar de novo após alguns meses”, a moradora lembra. Por sorte, assim que Giuliana pisou na sala e viu o pé-direito alto e as janelas generosas, ela logo sentiu que estavam no lugar certo.

Para uma arquiteta, é fácil vislumbrar como um espaço pode ficar após uma bela reforma, mas Giovani confessa que ficou um pouco receoso a princípio, sem enxergar direito o que a fez gostar tanto do apê. De fato, nem tudo estava do jeito que sonhavam: apesar dos cômodos generosos e da luz natural, o apartamento tinha uma configuração já ultrapassada, com ambientes compartimentados e muita informação dos antigos proprietários ocupando as paredes e dando um ar de sufocamento ao lugar. Mesmo com todos os desafios, Giuliana estava tão animada com as possibilidades do apê que não demorou muito para convencê-lo também.

Antes da mudança o casal morava em um apezinho de apenas 28m² e um de seus sonhos era ter mais espaço não só para eles, mas principalmente para receber amigos e familiares, em especial os parentes de Giovani que vivem no interior de Minas. Agora com 136m² disponíveis, os dois podem aproveitar ao máximo cada canto do apartamento, sem apertos e sem móveis em excesso atravancando o caminho. Aliás, uma das primeiras coisas que Giuliana propôs na obra foi remover parte dos armários, portas e paredes que escureciam e dividiam os cômodos.

Com a intenção de fazer a reforma sem gastar tanto, mas ao mesmo tempo trazer personalidade ao apartamento, o casal investiu em uma gama reduzida de materiais que se replicam em diferentes lugares: as bancadas da cozinha e dos banheiros, por exemplo, são feitas com o mesmo granito. E o piso de tacos antigo que estava pintado de preto foi restaurado a seu estado original, dando um ar bem mais aconchegante à sala.

“O apê tem um pé-direito alto e faz lembrar uma casa. Então a ideia era deixá-lo com esse astral. O mais amplo possível, sem muitas barreiras, ter plantas espalhadas e ser gostoso de andar descalço”, Giuliana resume. Para chegar a esse clima, a decoração foi pensada de forma espontânea, inspirada na história de cada morador e também nas viagens que eles fizeram juntos. “Sempre que conhecemos um lugar queremos trazer um pedacinho dele para nossa casa. Então muitos dos quadros, objetos e tecidos nós trouxemos de viagens”, ela diz.

Outro ponto que torna a decoração mais pessoal e cheia de memórias são os móveis herdados de família. Giuliana conta que diversas peças foram presentes e já acompanham várias gerações. A espreguiçadeira, por exemplo, era de seu bisavô e tem quase 60 anos. Ela estava em perfeito estado, só foi preciso trocar o tecido, então sua mãe e sua tia costuraram um novo. “Foi uma das últimas coisas a entrar na casa e caiu como uma luva. Usamos ela todos os dias”, a arquiteta fala. Na entrada do apê, a escrivaninha de madeira antiga foi feita pelo mesmo bisavô, que era bastante habilidoso. Esse móvel foi usado não só pela moradora durante seus tempos de escola, mas também por boa parte da família, por isso está carregado de lembranças.

Com um janelão tão grande na sala, Giuliana não podia perder a chance de criar ali uma espécie de varanda interna, e pra isso ela contou com a ajuda muito especial de seu irmão, paisagista do Estúdio Manacá. “Quando o levei para conhecer o apartamento, na hora ele falou para criarmos um jardim vertical. Nós topamos e amamos! Daí complementamos com os vasos para as outras plantas. Chegar em casa e dar de cara com um monte de verde é muito prazeroso. Dá vontade de estar perto do jardim, da janela. E não apenas durante o dia. Nós amamos sentar no meio das plantas e ficar admirando a lua à noite”, ela conta. Isso sem falar na árvore do lado de fora, ampliando ainda mais a paisagem.

Tudo o que Giuliana e Giovani mais queriam era um espaço convidativo e aconchegante – e isso eles certamente conseguiram. Muito além de um apartamento bonito, o principal para o casal era ter uma casa onde eles pudessem se sentir à vontade, e a sala reflete esse astral: dá para deitar no chão com as almofadas; na rede com um bom livro; no sofá ou onde mais eles quiserem, sem limites. E sempre com uma música gostosa tocando de fundo, de preferência no violão de Giovani. * Amou a visita e quer continuar o tour? Então veja o Capítulo 2!

Fotos por Leila Viegas

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