Last Updated on: 19th abril 2021, 03:49 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio.

Enquanto passeava pelas ruas do bairro Santa Cecília em busca de um apartamento para chamar de seu, a publicitária Diana Junqueira Leite encantou-se por um charmoso prédio dos anos 50. A fachada não trazia nenhuma placa de ‘vende-se’, mas mesmo assim ela se sentiu tentada a checar com o zelador. Para sua surpresa ele respondeu que sim, havia um imóvel disponível, porém suas condições eram péssimas. Sem se deixar abalar Diana foi conferir o lugar e descobriu um apê com elementos que a atraíram ainda mais: janelões, pé-direito alto, iluminação natural de sobra, piso de tacos e uma disposição harmoniosa dos ambientes.

“Quando abri a porta eu visualizei tudo o que queria para minha primeira casa, mas realmente o apartamento estava muito malcuidado, com paredes beges misturadas a paredes azuis que diminuíam o espaço, acabamentos velhos e corroídos, muita sujeira e nenhum cômodo em bom estado. No entanto, o que seria o pesadelo de muitos, era o meu ideal para a reforma que já tinha em mente.”, revela a moradora, que contou com o apoio do fotógrafo Ulisses Barbosa, seu marido, nessa empreitada. Cinco anos se passaram desde o encontro de Diana com o prédio e, além do quebra-quebra, o próprio tempo ajudou a depurar a decoração, recheada de peças queridas e lembranças de vida.

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Por trabalhar com cenografia e direção de arte de filmes Diana já tinha um olhar treinado para a decoração e sabia muito bem o que gostaria de alterar no apê. Mesmo antes de começar a obra cada ambiente tinha sua pasta de inspiração com referências de blogs gringos, paletas de cores e outros detalhes, porém foi sua irmã, a arquiteta Renata Leite, que conseguiu tirar todos esses planos do papel. Enquanto a moradora pensava no styling e nos objetos que usaria para finalizar cada espaço, Renata elaborava o projeto levando em conta a estrutura original, a volumetria, os acabamentos e a nova configuração dos cômodos. As mudanças, que não foram poucas, transformaram o lugar em um refúgio colorido.

O objetivo do casal era ter uma casa livre e ampla, onde tudo e todos estivessem sempre em contato, portanto a primeira decisão da reforma foi a retirada das paredes que ficavam entre a sala, a cozinha e os dois quartos – um deles foi integrado à área social e hoje serve como home office, o outro ganhou cortinas brancas no lugar de portas. A parte dos banheiros é a única fechada do apartamento, o restante é todo aberto. “Nossa ideia era transformar o apê em um estúdio, como os lofts nova-iorquinos, por isso os acabamentos seguem essa linha mais crua e brutalista, com colunas de concreto, paredes descascadas que deixam os tijolos à vista e tubulação elétrica aparente.”, explica Diana. A iluminação, feita com trilhos e spots de luz normalmente usados em teatros, completa essa atmosfera despretensiosa.

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Garimpeira de mão cheia, a publicitária comprou poucos itens novos, apenas as mesas, as cadeiras brancas da sala de jantar e o sofá roxo, um de seus xodós. Entre os itens antigos estão a poltrona verde vintage pechinchada na feira de antiguidades do Bixiga, com tecido original da época, o buffet amarelo, encontrado em uma casa adquirida pela família de Diana e restaurado por ela, um abajur comprado por seu pai e caixas industriais achadas em um ferro-velho no interior de São Paulo. Tem também os presentes de casamento, que incluem a cadeira Acapulco preta, a cristaleira vinda de um antiquário, o espelho veneziano e o guarda-vinil, feito sob medida. As câmeras fotográficas e as revistas de música são coleções de Ulisses que se espalham aqui e ali e os quadros de borboletas e pássaros vieram de uma viagem a Londres.

“Gosto de um garimpo afetivo também, buscando coisas na família. O arquivo verde é do meu pai e estava guardado em perfeito estado, a cômoda do quarto é um armário de mantimentos que pertencia à minha avó, a máquina de escrever era da minha mãe quando jovem e ainda funciona perfeitamente e por aí vai. Já a escadinha laranja era do consultório do meu avô há muitas décadas e eu sempre adorei a peça, tanto que desde pequena pedia para ficar com ela. Hoje isso me traz lindas recordações deles.”, conta Diana.

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Sempre que o casal descobre um novo tesouro ou ganha algum presente bacana os espaços mudam um pouquinho. “Isso renova as energias da casa e faz alguns móveis e objetos escondidos aparecerem mais. Temos poucas coisas fixas e isso foi intencional, pois eu queria ter a liberdade de alterar a posição das peças.”. Graças ao projeto de Renata e ao bom gosto de Diana, o apartamento encontrou o equilíbrio entre mundos opostos, como moderno e vintage ou industrial e feminino. “Tenho orgulho dessa combinação ter dado certo e de termos feito tudo juntos e aos poucos. Nossa decoração não foi comprada pronta, ela é construída e transformada o tempo todo.”, resume a moradora.

Que tal conhecer os outros ambientes desse apê incrível? Clique abaixo para não perder o Capítulo 2!

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Fotos por Rafaela Paoli, do Estúdio Pulpo