Last Updated on: 19th abril 2021, 03:36 pm

O arquiteto Renato, um dos criadores do Estúdio Cada Um, costuma fazer escolhas racionais e objetivas quando está projetando a casa de algum cliente. No entanto, na hora de montar seu primeiro apartamento próprio ele deixou a intuição falar mais alto e decidiu juntar várias ideias em um só lugar. “Esse apê é um exercício de autoconhecimento e desapego, mas como só tenho uma casa, me permiti exagerar um pouquinho.”, explica o morador. Para conhecer de perto cada detalhe inusitado da decoração, acompanhe também o Capítulo 1, publicado ontem.

Manter as paredes brancas nunca esteve entre os planos de Renato. Uma ou outra ainda vá lá, porém a maioria recebeu tons de cinza para que o fundo escuro desse destaque aos objetos, móveis e quadros garimpados por ele e Jô Machado, que se mudou para o apartamento pouco após sua chegada. Para evitar que as portas antigas ficassem marcadas e amareladas com o tempo, o arquiteto mandou pintar todas elas com um azul bem suave, replicado inclusive na estrutura dos armários embutidos nos dois dormitórios. Já que estava trabalhando com escalas de cinza e azul, Renato montou uma composição geométrica nessas cores e criou uma estampa atrás da estante da televisão.

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Além da arquitetura e do design, o casal tem outra grande paixão em comum: as viagens. Tanto que alguns anos atrás eles se juntaram a outros quatro amigos para criar o blog Chicken or Pasta?, repleto de dicas, roteiros e informações interessantes sobre os destinos mais incríveis do mundo. A ideia inicial era descolar convites para viajar mais por meio do site, mas a coisa engrenou e agora a turma procura profissionalizar cada vez mais o negócio.

Entre tanta ponte aérea, Renato e Jô já viveram experiências inesquecíveis. “A primeira grande viagem que fizemos juntos foi para a Suécia, para um casamento. Foram três dias memoráveis com muitas pessoas queridas e depois ainda esticamos em um festival de música. Outra história marcante foi a ida para a Tailândia e para o Camboja. Era a nossa primeira vez na Ásia, que parece outro planeta para nós, ocidentais.”, lembra o arquiteto. Com essas idas e vindas a casa sempre acaba ganhando um novo souvenir, seja um regador com desenho escandinavo, uma bola de futebol americano dos anos 50 comprada em Berlim ou até um osso calcificado encontrado nas areias das praias tailandesas.

Bem diferente da área social, onde cada canto tem diversos objetos e muita informação, o quarto do casal foi pensado para ser um espaço mais calmo e organizado. Como ele é usado apenas nos momentos de descanso, o cômodo não poderia ficar muito carregado, então seus elementos são simples: uma cabeceira de madeira emoldurando a cama, um criado-mudo convencional de um lado, um nicho suspenso do outro e poucos quadros. Isso sem falar na roupa de cama estampada e nos vasinhos feitos com latas reaproveitadas, acessórios que deixam a decoração mais bacana sem complicação. Tem também a história da poltrona vintage achada em uma caçamba e restaurada pelo morador e do piso de tacos, cujo acabamento segue o mesmo padrão aplicado na sala de estar.

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Longe de ser um lugar impecável, o apartamento de Renato e Jô é uma miscelânea de cores, sentimentos e objetos. “Essa imperfeição é um reflexo de que a nossa casa tem vida. Aliás, um lar de verdade é assim: os copos quebram e o jogo fica desfalcado, o sofá tem uma mancha de alguém que derrubou vinho, o piso de madeira acaba um pouco detonado por causa do cachorro e assim vai. As coisas depois podemos mandar consertar. A vida, depois que passou, não tem volta.”, resume o morador.

Fotos por Isadora Fabian, do Registro de Dia a Dia