Last Updated on: 30th abril 2021, 04:51 pm

Uma casa e todas as memórias que ela guarda não podem ser resumidas de uma vez só, então por aqui fazemos diferente. Ao invés de concentrar todos os detalhes e fotos em uma única matéria, criamos pequenos capítulos para que você possa curtir essa visita durante vários dias. É só acompanhar a ordem pelo título dos posts e apreciar o passeio sem se preocupar com o relógio.

Não é todo mundo que trocaria um imóvel gigante, com piscina e jardim, por um apartamento menor, mas Valéria preferiu abrir mão do espaço em nome da praticidade e de uma localização melhor. Hoje, cinco anos depois, ela não se arrepende nem um pouco da decisão. Afinal, a casa antiga era moderna, bem iluminada, segura e confortável, porém não fazia mais sentido encarar a manutenção diária sendo que suas duas filhas já estavam crescidas e prestes a deixar o ninho. Então Valéria mudou de endereço, mas levou consigo tudo o que tinha de mais precioso: memórias, móveis de família e coleções garimpadas mundo afora.

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Situado no bairro do Jardins, a poucos passos de bons restaurantes e lojas, o novo apê conquistou sua futura moradora pela metragem generosa e, curiosamente, pelo fato de estar quase abandonado e com todos os elementos originais, sem ter sofrido praticamente nenhuma alteração ao longo dos anos. Valéria, que sempre teve uma quedinha por decoração e já tocou outras obras sozinha, se sentiu como uma artista diante de uma tela em branco. O impulso de reformar foi irresistível e o quebra-quebra acabou se estendendo por quase todos os cômodos.

O primeiro ambiente a mudar de lugar foi a cozinha, que passou a ocupar a posição da copa e se integrou completamente à área social – aliás, esse espaço também perdeu a maioria das paredes. Para viabilizar essa alteração, a área de serviço foi reduzida pela metade e mesmo assim continua grande o suficiente. Já a antiga cozinha foi desativada e virou um aconchegante escritório para a filha mais nova, Beatriz, que irá se casar em breve. Os três quartos da planta original se transformaram em dois, porém mais amplos, com banheiros e closets individuais, além de muita iluminação natural.

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Com a estrutura finalizada, chegou a hora de determinar onde ficaria cada uma das peças mais importantes da família. Valéria mediu cuidadosamente armários, poltronas e cadeiras e tentou dispor todos os móveis da melhor maneira possível, no entanto ela confessa que não foi uma tarefa simples reorganizar coisas de uma casa de 1.200 m² em um apartamento de 250 m². A seleção do que levar foi rigorosa, mas por sorte ela sempre teve em mente quais eram os seus itens favoritos e indispensáveis.

O interesse nato da moradora pela decoração e pela arte influenciou inclusive sua filha mais velha, Juliana. Nas prateleiras da estante e sobre os aparadores, os objetos da loja se misturam a artigos colecionados há décadas ou herdados de parentes e amigos. Das cidades e países que teve oportunidade de conhecer, Valéria sempre traz alguma recordação diferente, dos tapetes e azulejos da Turquia a qualquer tipo de quinquilharia que lhe desperte o olhar. Além das coleções de chaves e de miniaturas de móveis, ela tem um carinho maior pelo engradado de metal bem velho com quatro garrafas de sifão encontrado nos fundos de um café em Gramado por puro acaso.

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Na entrada do apê fica uma peça mais especial ainda: o espelho com suporte de madeira que pertencia ao avô da proprietária. Como ele era alfaiate, o móvel era usado para as provas dos ternos, então é carregado de lembranças. O mesmo vale para o jogo de cadeiras e mesinha de ferro que era da varanda da casa da avó, no interior de São Paulo, e agora é exibido com orgulho na sala de estar. Na verdade, quase tudo tem um gostinho de passado e de história: a penteadeira da suíte principal, que foi o primeiro item comprado com o próprio salário na juventude; a cristaleira da cozinha, que era de sua mãe; a outra penteadeira, que fica no quarto da filha e foi presente do avô das meninas; a cômoda do escritório, herdada do irmão… Tudo é importante à sua maneira.

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Valéria faz questão de ter em casa apenas coisas que a encantem e que tenham significado. Ela mistura sem medo peças de design assinado, como a clássica poltrona Mole, de Sergio Rodrigues, a outras rústicas e simples. No fundo, ela gosta mesmo é dos contrastes: “Nem tudo obedece a uma estética ou lógica estabelecida, mas apenas à minha visão e à minha lógica, que pode não ser a de mais ninguém”.

Está gostando da visita? Então fique de olho porque nos próximos dias vamos publicar o segundo capítulo desse apê…

Fotos por Rafaela Paoli

CONTINUA