Last Updated on: 29th abril 2021, 03:34 pm

Vivian e André moram no Apartamento 61 de um prédio em Pinheiros. Durante o processo de decoração eles se apaixonaram pelo universo dos móveis e objetos vintage e hoje trabalham com isso. Veja o começo da história para entender tudo.

… Não é difícil perceber que o casal adora plantas. A varanda vive em constante transformação, com vasos e outros recipientes criativos sempre mudando de lugar até que descubram onde cada espécie se adapta melhor. Mas deixar o verde apenas do lado de fora não parecia suficiente para os dois, então aos poucos os vasos foram se espalhando por outros cômodos. Foi assim que o André e a Vivi tiveram a ideia do pendurador feito com ganchos de ar industrial e hastes metálicas, onde estão algumas samambaias e suculentas. Na área de serviço eles cultivam uma pequena horta de temperos que ficam sempre à mão na hora de cozinhar.

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A cozinha, aliás, também chamou a atenção do casal na época em que eles procuravam um imóvel para alugar. Além de ser espaçoso, o ambiente tem um piso de granilite original da construção e amplas janelas com vista aberta para a cidade, sem nenhum empecilho para bloquear a iluminação natural ou a paisagem. O único problema era a falta de armários, porém nada que um pouco de improvisação não pudesse resolver: o vão sob a pia foi fechado com uma cortininha de tecido estampado e caixotes de madeira viraram nichos na parede. Enfeitando a geladeira, a enorme coleção de ímãs começou meio por acaso, conforme os dois viajavam e os traziam como souvenir.

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Para André e Vivi, garimpar e vender itens antigos não é apenas uma questão de estilo. O conceito é bem mais profundo e tem a ver com consumo consciente: “No mundo em que vivemos, onde tantas coisas são descartáveis, é incrível poder dar uma nova chance para essas peças”, eles contam. Dentro desse mesmo princípio estão as criações assinadas pelo Estúdio 61, como o próprio pendurador de plantas ou os terrários feitos com recipientes usados – xícaras, formas de bolo, jarras… E isso é só o começo, pois os moradores ainda planejam desenvolver novos objetos com materiais reaproveitados para colocar na loja online.

Com azulejos azuis e uma vidraça de ferro, o banheiro já tinha certo charme, só que ainda faltava alguma coisa. A intenção era trazer mais personalidade para o cômodo, então o casal apostou nos detalhes, um quadro bacana, caixas divertidas de primeiros socorros, frascos de farmácia vintage e por aí vai.  Usada pouquíssimas vezes desde que eles se mudaram para o apê, a banheira acabou virando uma espécie de jardim de inverno, com plantinhas de baixa manutenção, como suculentas, musgos e galhos.

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Nem gato, nem cachorro. Os animais de estimação dos moradores são dois coelhos tímidos e peludos. A escolha inusitada foi feita em parte pela praticidade, mas também tem ligação com memórias de infância. Quando ainda morava sozinho em uma quitinete, o André sentia falta de companhia, porém ao mesmo tempo tinha pouco espaço e possuía apenas uma janela e não queria cobri-la com uma tela de proteção – ou seja, isso já excluía a possibilidade de ter qualquer animal grande ou ágil demais. Nisso Vivi se lembrou de quando ganhou um coelhinho de seu pai, que morava em uma fazenda na Bahia, e assim eles começaram a se interessar pela ideia. Algum tempo depois o coelho Alfredo, da raça Lionhead, estava se juntando à família. Já Carlitos, o mais novo, foi presente de uma amiga. Os dois brigavam muito e foram até adestrados, mas hoje em dia se amam e convivem tranquilamente.

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A localização do apartamento é privilegiada, mas não pelo bairro ou por ele estar pertinho do metrô, e sim pela ausência de prédios altos ao redor, o que permite que o sol alcance e tinja todos os ambientes ao longo do dia. O amanhecer no verão traz uma luz dourada que entra pelo banheiro e invade o quarto devagar, como um convite ao despertar. No fim de tarde o clima é de aconchego enquanto a sala de estar se alegra com tons alaranjados. Até à noite o apê se ilumina, dessa vez com luzes indiretas, abajures e o pisca-pisca colorido da varanda.

Como o casal descreveria toda essa mistura? “Nossa casa é cheia de histórias. Bem cheia, pra falar a verdade”, brincam. Espaços ricos, objetos intrigantes, móveis únicos e memórias por toda parte: assim é o Apartamento 61, um lugar (e um projeto de vida) do qual o André e a Vivi se orgulham e para onde querem voltar todos os dias.

Fotos por Igor Giroto