Um mundo à parte | Capítulo 2

Last Updated on: 19th abril 2021, 01:19 pm

A casa dos anos 30 onde a visagista Débora vive com a designer e marceneira Paula não estava totalmente perfeita quando elas a encontraram, porém com boas ideias, objetos de valor afetivo e uma reforminha aqui, outra ali, as moradoras resgataram o charme da antiga construção e montaram um lar único em cada detalhe. O térreo do sobrado engloba a cozinha aberta para a sala de estar e um canto de TV, mas o andar de cima também tem seus atrativos. Quem ainda não viu a primeira parte dessa matéria pode conferir tudo no Capítulo 1.

Para o casal a grande vantagem de morar em uma casinha é justamente ter um espaço ao ar livre, por isso Débora e Paula buscaram aproveitar ao máximo a área externa sobre a laje. Antes esquecido, o lugar não tinha muita graça até que elas o repaginaram com novos móveis, uma cobertura translúcida e vasos de plantas espalhados por todos os lados: no beiral das janelas, no piso, pendurados nas paredes, sob o aparador… “A Dé ama plantas. Temos uma renda-portuguesa que era da avó dela e agora tem mais de 40 anos. Ela também morre de orgulho de ter um pau-brasil no nosso quintal, plantado por ela e cultivado com muito amor, como todas as outras espécies do jardim.”, conta Paula.

O talento de Débora para mexer com a terra talvez seja uma herança de sua infância no interior: “Nessa época eu brincava na rua, subia nos pés de fruta e a família deixava a porta de casa sempre aberta.”, ela lembra. Por conta da decoração despretensiosa que as moradoras fizeram, o quintal suspenso carrega um pouco desse clima bucólico do passado. Seja para receber os amigos, organizar festinhas, curtir o sol com os cachorros a tiracolo ou simplesmente almoçar com tranquilidade no intervalo do trabalho, o ambiente que virou um dos pontos mais disputados da casa é garantia de bons momentos.

No alto da escada, um pequeno aparador de madeira rústica recepciona as moradoras com delicadeza – o quadro com os dizeres ‘Mais amor por favor’ certifica-se de colocar um sorriso no rosto de quem passa por ali. Para não exagerar na decoração e deixar o espaço poluído, o casal optou por detalhes simples e poucas cores no quarto principal. A cama branca ladeada por móveis com ar de improviso, como o trio de maletas antigas empilhadas, é a peça preferida de Débora e Paula, pois simboliza aconchego. Sobre o criado-mudo está uma das luminárias de madeira e cobre desenvolvidas pela designer para sua marca, a Casa Júpiter Woodwork.

Usado para receber hóspedes e guardar itens utilizados com menos frequência, como as pranchas de surf, o segundo dormitório tem uma deliciosa varandinha com vista para as árvores do bairro. A parede pintada de cinza parece emoldurar a cama com cabeceira tubular, dando ainda mais destaque à colcha de crochê colorida feita pela avó de Paula. Na cômoda vintage que cumpre a função de criado-mudo apoiam-se livros, um pôster e mais uma das criações da moradora, feita com canos e cotovelos de cobre.

Débora e Paula têm um estilo que é só delas – e que pode ser notado em todas as escolhas da decoração. Em sua casa, a simplicidade e o conforto se encontram com as memórias e o amor por cada momento vivido lado a lado. “Os espaços refletem bastante nós duas. O jeito organizado, aconchegante e com muito verde é coisa da Dé, já as referências artísticas e ligadas ao design, são minhas. Nosso lar é um mundo à parte. Aqui dentro é tudo verdade: a gente só faz o que realmente acredita e pode ser exatamente quem a gente é.”

 

Fotos por Isadora Fabian, do Registro de Dia a Dia

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