Last Updated on: 15th abril 2021, 02:50 pm

Quase toda semana a arquiteta Joana Corbett e seu marido, o empresário Alexandre Barretto, pegam a estrada para Ilhabela para curtir alguns dias de descanso na casa de praia da família. Com estrutura de madeira e arquitetura contemporânea, a construção pousa levemente sobre a encosta de um morro próximo à Vila, o charmoso centrinho da cidade. Na decoração, o trabalho colorido de artistas locais e móveis repletos de memórias se unem para trazer aconchego aos ambientes. * Leia o Capítulo 1 e fique por dentro da história.

Como na maioria das casas de verão, as áreas externas são o ponto alto do projeto criado por Joana. Dividida em quatro andares para acompanhar a inclinação do terreno, a casa possui três grandes varandas e um deck com piscina. Para valorizar a paisagem e estimular os momentos de contemplação, a arquiteta teve a brilhante ideia de substituir os tradicionais guarda-corpos por bancos extensos que circundam as varandas: “A intenção era aumentar a permanência e a convivência das pessoas nesse espaço, enquanto admiram a vista para o mar”.

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Vista para o mar | Capítulo 2

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Com portas de correr de madeira e grandes vãos, os quartos também se abrem para a paisagem, presenteando quem acorda com o espetáculo diário da natureza. Nesses espaços as soluções de decoração são simples, já que são menos utilizados durante o dia, porém garantem o conforto da família e dos hóspedes. Joana recorreu a ideias práticas para resolver questões comuns no litoral, como os mosquitos e a umidade. “Os armários são abertos para evitar cheiro de mofo nas roupas guardadas e temos venezianas com tela em todas as janelas e portas, assim conseguimos manter uma ventilação permanente sem que os mosquitos nos incomodem”.

Mais do que um elemento de ligação, a grande escada de madeira é o eixo onde tudo acontece – fechada por painéis de vidro de um lado e aberta para a varanda do outro, ela ressalta um dos aspectos mais especiais do projeto, que é a sensação de estar dentro e fora de casa ao mesmo tempo. Completando o cenário está o banco de madeira esculpida comprado em uma viagem ao Sul da Bahia: “Conhecemos o marceneiro que executava esses móveis, mas ele tinha deixado de canto aquela peça por ter desistido de seu trabalho. Para nós, foi amor à primeira vista”, lembra a arquiteta.

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Cheio de espécies tropicais e muitas folhagens em diversos tons de verde, o jardim da casa se funde à mata ao redor. “Eu e meu marido somos amantes de plantas e estamos em uma pesquisa constante de como recuperar o ecossistema da Mata Atlântica em uma área que foi desmatada pelo homem”, Joana explica. Por isso o casal procurou replantar espécies locais e algumas frutíferas nativas, como helicônias, alpínias, guaimbês, embaúbas, palmito-juçara, pitanga, maracujá… “Aos poucos começamos a notar mudas brotando sozinhas no terreno, o que significa que animais locais estão habitando essa área mais uma vez e trazendo novas sementes”, ela completa.

Vista para o mar | Capítulo 2

Vista para o mar | Capítulo 2 Vista para o mar | Capítulo 2

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Joana é apaixonada por arquitetura desde pequena – quando ainda nem sabia direito definir por que se interessava tanto pelas casas dos amigos e parentes. Por ter crescido em uma casa modernista com poucas divisórias, ela tinha curiosidade em entender como funcionavam os lares com disposições diferentes e também aprender novas formas de ocupar os espaços. Fã de construções de madeira que praticamente somem na paisagem, Joana aproveitou esse projeto em Ilhabela para colocar em prática ideias e referências inspiradas pelo trabalho de arquitetos como Shigeru Ban, Pierre Koenig, Peter Hübner, Marcelo Aflalo e Marcos Acayaba, entre muitos outros.

“A arquitetura japonesa sempre me cativou muito pelo seu acolhimento e simplicidade. Fora isso, em muitos lugares os japoneses adotam o conceito do ‘espaço Ma’, que significa o espaço atemporal – não é dentro nem fora, como o momento da passagem por uma porta, por exemplo. Acredito que atingi esse conceito, pois aqui é possível estar em casa o dia todo e sentir-se em um lugar aberto ao ar livre”.

Fotos por Alessandro Guimarães

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