Last Updated on: 16th agosto 2021, 05:56 pm

Um prédio charmoso de apenas três andares no Porto, em Portugal, é o endereço da designer Célia, fundadora da GUR, uma marca de tapetes artesanais com toque divertido. Construído em 1942 no bairro Santo Ildefonso, o predinho foi uma descoberta e tanto: quem deu a dica foi uma das melhores amigas da moradora, que vive no terceiro andar e logo a avisou quando um novo apê vagou. “Moro aqui há 3 anos. Além de estar muito bem situado na cidade e ser um lugar espaçoso com boa iluminação, tinha o plus de ser um ambiente familiar, já que o prédio só tem 3 apartamentos e um grande terraço. É bastante comum os nossos animais de estimação andarem soltos pelas escadas”, ela conta.

Hoje o apartamento é todo branquinho e muito luminoso, mas nem sempre foi assim. Quando Célia visitou o espaço pela primeira vez, os cômodos tinham paredes pintadas em diferentes cores – incluindo um quarto vermelho. Além disso, o piso original da cozinha estava escondido por outro acabamento nada bonito. A primeira coisa que ela fez foi pedir ao proprietário para pintar tudo de branco, até mesmo uma parede de azulejos na sala que imitava granito. Segundo a moradora, o material com tons cinzentos dava um ar frio à decoração, então essa pequena mudança impactou muito. “Acho que sou bastante polivalente, na casa gosto do branco nas paredes que me relaxa, mas também preciso da cor. Acho que tento encontrar um equilíbrio entre os opostos”, diz.

Não é difícil perceber que Célia tem o dom do garimpo. A decoração traz peças inusitadas e pequenos tesouros, como placas antigas e máscaras trazidas do Japão e da China. “Existe a influência da minha mãe, que restaura e vende mobiliário vintage da Alemanha e Dinamarca. Essa proximidade potencializou o meu interesse pelos objetos de design de outras épocas, que gosto de misturar com objetos atuais”, ela explica. A designer também se envolve com itens que carreguem histórias, seja a lembrança de um amigo ou de um lugar legal onde esteve. O tapete do Marrocos, por exemplo, é um elemento de grande importância e a remete à essa viagem.

Nas paredes, mais histórias. Uma das obras favoritas de Célia é a pintura de cães em pirâmide chamada ‘Hierarquia’, de Nuno Viegas. A arte foi um presente que seus amigos e familiares lhe deram em seu último aniversário. “Foi a melhor prenda de sempre. Andava a namorar este quadro há pelo menos 1 ano, já gostava muito dele e acrescentar o fator amizade e amor dos meus amigos só me fez gostar mais ainda”. As ilustrações de amigos artistas e colaboradores da GUR também têm espaço garantido em sua casa.

Célia é formada em Design Gráfico e fez mestrado em Desenho e Técnicas de Impressão. Durante 5 anos ela trabalhou na Faculdade de Belas Artes do Porto, na oficina de técnicas de impressão, e foi nessa mesma época que teve a ideia de fundar a marca GUR. “Fui convidada para uma exposição coletiva em Viana do Castelo, minha cidade natal, onde se pretendia fazer uma ponte entre jovens designers e artesãos da região. Eu escolhi trabalhar com a tecelagem e assim fiz o primeiro tapete GUR. Fiquei tão entusiasmada com o resultado que decidi convidar alguns amigos para fazerem suas versões também. Agora se passaram 4 anos e já fiz mais de 100 colaborações com artistas em tapetes”, ela fala.

Nesse apartamento cheio de detalhes únicos, o bom humor também faz parte da decoração. A cabeça de Mickey foi trazida de Viana do Castelo e é um lembrete de que não tem problema se a casa for um pouco engraçada. Outro segredinho divertido é o carneiro de cerâmica escondido na entrada da sala. “Quando estava de mudança, um amigo meu, que é o mais alto do grupo, colocou o carneiro ali na brincadeira e lá ficou. Quase ninguém repara nele, mas quando o encontram a surpresa coloca um sorriso no rosto de quem o vê”, Célia conta.  Definitivamente, é difícil olhar para o apartamento dela e não sentir vontade de sorrir, de tão inspirador que é. * Gostou também e quer ver mais? Então fique de olho no Capítulo 2 dessa história!

Fotos por Alessandro Guimarães

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