Last Updated on: 15th maio 2021, 07:42 pm

O apartamento do Henrique traz a fusão de três pontos de vista: seu olhar de arquiteto, atento à funcionalidade, ao layout e aos acabamentos do projeto; sua vocação como designer, presente nas peças de mobiliário que levam sua assinatura; e sua vivência como morador, que busca conforto e aconchego em um lar com memórias e referências familiares. A soma de tudo isso deu origem à uma casa leve e espaçosa, como ele tanto queria.

“Meu interesse pelo design de mobiliário surgiu ainda como estudante de arquitetura, quando trabalhei fazendo parte da equipe da Marcenaria Baraúna.  Depois dessa experiência, entendi que queria trabalhar com as diferentes escalas do desenho, podendo transitar entre elas livremente. A partir daí criei o Garupa Estúdio com a Nadezhda Mendes da Rocha, que foi minha parceira por seis anos. Com o Garupa chegamos a fazer projetos de arquitetura como a Escola Jatobazinho, no Pantanal, pensada para as crianças ribeirinhas do Rio Paraguai. Fizemos trabalhos de expografia, de design gráfico e finalmente de design de mobiliário. Um tempo depois, abri o Estúdio Gabbo Torres, que está em seu terceiro ano, onde sigo praticando trabalhos focados em arquitetura e, principalmente, design de objeto com uma linha nova”.

No apartamento não existem barreiras entre a sala e a cozinha. Henrique desenhou o espaço de forma aberta para que não houvesse uma distinção de uso muito drástica entre os ambientes. O morador gosta que esse lugar sirva tanto para o preparo das refeições como também para o convívio com pessoas queridas. “Acabo passando um bom tempo dos dias ali, pois tenho gostado de cozinhar em casa sozinho ou para os amigos”, fala. Sobre a parede de tijolinhos da sala de jantar, o arquiteto organizou objetos trazidos de suas viagens a povos indígenas da América do Sul, como os Iauaretê, os Selk’nam e os Guarani.

Aberta para o quarto e para a varanda com portas de correr, uma saleta funciona como espaço de leitura, escritório e canto para ver filmes. Henrique criou a bancada e a estante pensando na possibilidade de trabalhar em casa durante parte da semana ou mesmo para poder alongar uma noite de trabalho quando é preciso. Nas prateleiras, os livros se misturam a memórias especiais, como o bonequinho de madeira que foi um presente do irmão do morador quando eles eram adolescentes.

No geral, as casas de arquiteto sempre envolvem decisões muito racionais, e o apartamento de Henrique não foge disso, mas o morador soube acrescentar aos espaços detalhes singelos e pessoais, que correspondem ao lado emocional – de livros e fotografias de família trazidas da casa de seus pais, passando por pequenas coleções e chegando aos móveis que cria. Tudo com a sua cara.

Fotos por Maura Mello